Não sei quando meu sobrinho, o S. Pedro esqueceu-se de nós,
Porque dizes isso tio?
Porque não chove há imenso tempo, a terra está muito seca e os nascentes estão com pouca água,
Tio, a água é muito importante para a vida das plantas e também para a nossa não é?
Sim, meu querido, quando deitamos a semente à terra, ela precisa de humidade para germinar, temos sempre esperança que essa semente dê bons frutos mas para isso acontecer temos de regar se não chover, temos que tratá-la com carinho, livrá-la das ervas daninhas e colhê-la na altura certa.
Sabes meu querido menino, nós somos as sementes que os nossos pais deitaram à terra para germinar e também darmos os nossos frutos e assim dar continuidade à nossa espécime, por isso, é nosso dever cuidar da nossa vida e do nosso corpo com amor e carinho porque ela é o Dom Maior existente na Terra!
Semana após semana, eis que chegamos ao número 12 do desafio "caixa lápis de cor". proposto pela Fátima Bento, finalizamos com a cor Castanho escuro
A terra gemia sob as lâminas afiadas da charrua, enquanto esta rasgava as suas entranhas sem dó nem piedade em profundos sulcos, deixando à vista o que permanecera oculto durante cerca de um ano. Tractor e tractorista completavam-se na arte de lavrar a terra, iam modificando atrás de si as cores e o relevo. Agora, o verde da superfície dera lugar ao castanho escuro da terra lavrada, dela exalava um odor agradável e fresco a terra remexida e húmida. O aspecto era de uma área de terra ondeada de cor castanho escuro, os pássaros felizes apressavam-se para esgravatar à procura das minhocas e outros bicharocos que eram o seu alimento.
Em poucas horas o que era uma extensão de verde passou a castanho escuro, iria ficar a enxugar durante uns dias, após isso, viria a mesma equipa de tractor e tractorista mas com outra ferramenta, a frese, que iria alisar a terra e prepará-la para a sementeira.
Naquele ano iria ali ser semeado trigo, no ano anterior tinha sido milho, o agricultor ia alternando as sementeiras, não era produtivo semear sempre a mesma coisa no mesmo local. O espaço voltaria a ser verde, agora de um verde rejuvenescido em pouco tempo. É o ciclo da vida! Voltar a semear, tornar a nascer!
Ano após ano, durante a sua infância a menina via da varanda esta azáfama do tractor, tractorista e agricultor, depois ia acompanhado o crescimento das sementeiras até às colheitas, e tudo voltaria a ser igual no ano seguinte.
Os anos passaram, a menina cresceu, continua a ver a mesma azáfama no campo mas o agricultor já não é o mesmo. O Deus que lhe deu a vida, já o devolveu à terra que ele tanto amou, que tanto trabalhou com as suas mãos calejadas, à terra que lhe deu tudo, que sustentou a sua família com trabalho árduo e duro, ao sol, ao frio e à chuva.
Mais uma vez a natureza traíu os habitantes da terra, mais uma vez as profundezas da terra se sacudiram e disseram aos humanos - estou aqui, vejam, estou aqui e vocês por mais inteligentes que sejam nada podem contra a minha fúria. Posso derrubar, posso sacudir, posso abrir covas profundas, posso enterrar-vos vivos, e vocês o que podem fazer contra mim? nada.... Vocês habitam a minha crosta porque eu a vos empresto, não seria pedir muito que ao menos a respeitassem, que conservassem melhor o ar que as árvores que crescem sobre mim, purifica para vosso bem, já pensaram nisso? As árvores bebem a humidade que percorre as minhas entranhas para crescerem e se mantrem verdes para vos proporcionar sombra e ar puro.... às vezes irrito-mo convosco, percebem, e quando me sinto irritada, estremeço, tenho que sacudir a poeira e, quando o faço são vocês que pagam a fatura. Pensem mais um pouco em mim por favor, respeitem-me mais, é só o que vos peço!
Não queria provocar esta dor tão grande num país tão bonito como é Itália, não queria provocar dor em país nenhum.... mas vocês irritam-me tanto com as vossas atitudes e comportamentos que não aguento, vejam agora também os incêndios - porque queimam as árvores que eu com tanto carinho ajudo a crescer durante largos anos para depois em poucos momentos ficarem reduzidas a cinzas - eu não vos compreendo!!!! Repito, não consigo compreender-vos, vocês precisam tanto de mim!
A terra do quintal era de cor castanha e estava muito solta, tinha sido mexida, preparada para plantar alfaces. O rapazinho fora brincar para o quintal sob o aviso da mãe - não podes ir brincar na terra, porque ficas todo sujo.
A vontade de mexer na terra foi mais forte que ele e os seus pezinhos pequeninos levaram-no precisamente para lá. Quando a mãe voltou a olhar para ele, nem queria acreditar, o seu menino mais parecia um daqueles grandes chocolates da páscoa, mas em vez da forma de coelhinho, tinha a forma de um rapazinho - ó meu Deus - exclama ela.
Depois da repreensão merecida, seguia-se o castigo que o menino já sabia que não se ia livrar. Ele já estava habituado que a seguir à desobediência vinha um castigo.
Não havia outra forma de limpar o menino, só o banho o salvava daquela cor de chocolate e daquele pó entranhado na pele, nos cabelos, nos olhos e na boca, ele já comia terra.
Como a água felizmente lava tudo, menos as "más linguas", lá foi a criança para o banho a meio do dia, de seguida, não foi preciso dizer mais nada, o sítio do castigo estava ali à espera dele!
A terra é o teu mundo, a tua casa, por isso, mesmo só por isso, respeita-a e respeita aquilo que dela brota. É a terra que te dá tudo, mesmo tudo incluindo tudo aquilo que compras nas grandes lojas e supermercados, tudo aquilo que não fazes a mínima idéia de onde vem.
Tudo vem da terra e tudo para ela volta!
Como hoje é o dia da terra nunca é demais refletir sobre lsto