Separo três laranjas das restantes, porque escolho aquelas e não outras, não sei. O eu que existe dentro de mim levou-me a escolher aquelas, deve haver uma razão. Pego numa faca e pego na primeira laranja, com um golpe separo o que era apenas uma unidade, agora são duas metades. Olho por alguns momentos aquelas duas metades a escorrer sumo, com os caroços igualmentes divididos ao meio, brancos, também eles têm sumo. Agora, tudo está dividido ao meio. Como um casal de apaixonados quando se zanga, vai um para cada lado, o que era uma união que tinha tudo para jamais se separar, agora, também está dividido ao meio. São duas metades de uma unidade, são duas metades de um casal.
As minhas laranjas cortadas ao meio, escorrem sumo, se não as espremer e verter o seu sumo para dentro deste corpo que transporta o meu eu, as batérias vao começar a deteriorá-las. Assim, pego no espremedor de citrinos e começo a espremê-las, o sumo escorre, fica apenas a casca forrada por aquela matéria branca que se encontra entre a casca e a parte sumarenta da laranja, ficam também os residuos onde se encontrava alojado o sumo. Olho aquilo, satisfeita, bebo, é bom, é saboroso.
O casal de apaixonados que se separou, não são como as laranjas. O casal que se separou vai sofrer cada um isoladamente, vai andar triste e vai verter lágrimas, não são lágrimas doces, as lágrimas nunca são doces como as laranjas, as lágrimas são quase sempre salgadas, recheadas de amargura e desilusão!
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