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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Como olhamos para o nosso carro

Maria, 16.05.16

Há sonhos que temos durante uma vida, que nunca passarão disso mesmo, sonhos; sonhamos com coisas que sabemos à partida, que nunca acontecerão. Esses são os sonhos que preenchem os nossos devaneios, os momentos em que a nossa mente parece se separar do nosso corpo e assumir uma individualidade própria.

 

Podemos estar assim, com essa sensação de fuga a "sonhar" ou a viver coisas impossíveis, que nem sempre são sonhos. A isso eu chamo "uma vida extra".

 

Estes sonhos ou devaneios não se dirigem apenas a riquezas materiais e a vidas luxuosas. Existem actos, valores morais, riqueza interior e enrequecimento pessoal que também são responsáveis por levar a mente a outras dimensões a ponto de, quando recuperamos, termos a sensação de se ter andado perdido durante algum tempo que podem ser segundos como periodos maiores.

Quantas vezes já me aconteceu ter feito uma viagem inteira e não me recordar de ter visto os sítios por onde passei, nem sequer o que vinha a pensar. Nestes percursos a minha mente andou perdida ou sonânbola, não sei que nome lhe dar.

 

Depois, há os outros sonhos, aqueles que temos enquanto dormimos, aqueles que por vezes nos fazem acordar em sobressaltos, é de um desses sonhos que passo a descrever agora.

 

Imagine que vai meter gasolina no carro, chega à bomba, porque precisa de ir falar com alguém que ali está próximo, sai do carro, fecha a porta, tira a chave, e vai falar com esse alguém. Quando volta para meter o combustível no carro, só vê o lugar, do carro nem sombra. Desnorteada olha para todos os lados, o carro tem que estar por ali, tem a certeza que o deixou ali, fala com pessoas, ninguém viu nada. Desata a chorar, ficou sem carro, não tem dinheiro para comprar outro como aquele. O carro são as suas pernas. Aflita, acorda e percebe que aquilo não passou de um sonho, sossega e volta a adormecer porque a noite ainda é uma "criança". (Espero que não se concretize). 

 

Dizem que não sentimos falta daquilo que nunca tivemos, (não concordo muito com esta expressão mas este será um tema para outra ocasião). Quando se tem um carro há varios anos, se por qualquer motivo ficarmos sem ele, vamos sentir a sua falta na nossa vida, e muito. Além da falta que ele nos faz no dia a dia, ao longo do tempo fomos estabelecendo com ele um acentuado sentimento de pertença, de companheirismo e uma empatia como se pessoa e carro fossem um só!

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A noite

Maria, 20.04.16

Estou deitada, deixo cair as pálpebras sobre os olhos e vejo o escuro. Um escuro cheio de sombras, as mesmas sombras que povoaram as horas de luz que se apagaram com o cair da noite. Sim, vejo o escuro e escuto o silêncio da noite, nesse silêncio ouço sons. Não o som do vento ou da chuva, hoje tudo está muito tranquilo, ouço o som das paredes, talvez porque sei que elas estão ali a protger-me do frio e da maldade do mundo. Decoram as minhas paredes alguns quadros que não deixam esquecer momentos já vividos e eternizados pelas imagens recolhidas por uma qualquer máquina fotográfica. Ouço as vozes dos móveis que sussuram entre si palavras que não compreendo, ouço-os porque sei que estão ali, que fui eu que os escolhi para conforto do meu quarto e das minha coisas. Os meus ouvidos escutam sons que mais ninguém escuta, parecem sons vindos de um búzio quando o encostamos ao ouvido e temos a sensação de escutar o mar ao longe. A letargia destes sons é quebrado pelo ladrar tímido de um cão, que logo se cala, parecendo envergonhado por ter perturbado esta tranquilidade. Tudo volta ao normal e ouço a minha própria respiração. A minha respiração é tranquila, normal, sei que vou adormecer daqui a nada e vou sonhar sonhos que de manhã não me vou recordar. Este amanhã é o agora e não me lembro dos sonhos da noite!

Voltarei

Maria, 06.06.15

Voarei nas asas do meu desejo,

Retornarei aonde fui feliz

Absorverei, prazeres sentidos

Momentos vividos,

Paixões tornadas ilusões;

Degustarei paladares esquecidos,

Amores perdidos;

Voltarei a sentir a ternura

Das noites de luar;

Dos pensamentos que voavam

E se perdiam nas consciências

Dos inconscientes,

Da minha juventude inocente,

Mas cheia de esperança;

Quero voltar

A ser acariciado pelas ondas

De um mar

Que um dia foi meu;

Aquecer-me-ei com o sol

Da minha felicidade;

Quero olhar, quem me olhava

Com paixão e amor;

Que os cheiros

Voltem a ser aspirados

Com a mesma avidez de antes;

Apanharei as folhas secas

Dos meus sonhos

E gritarei ao mundo

Que afinal estou vivo

E feliz.

(José Carlos Moutinho)

 

 

 

Saudade e sonho

Maria, 31.03.15

Eras pouco mais que uma miúda, eras uma jovem mulher com muitos sonhos e projetos de vida para o futuro. Eras uma jovem mulher que ao lado do teu príncepe encantado sonhavas construir uma casa e uma familia e viverem juntos até serem velhinhos. Sonhavas junto com ele, ensinar coisas novas, brincar, passear e buscar à escola os filhos, depois os netos, sonhavas fazerem viajens juntos, passear de mão dada, olhar o pôr do sol, sonhavas tantas coisas simples mas que para ti eram castelos dourados, quando eras uma jovem mulher! Um dia recebeste aquela notícia que te apunhalou pelas costas e o teu projeto de vida e os teus sonhos ruíram como um castelo de cartas Hoje és uma mulher que amadureceu, que vê sozinha o pôr do sol e que aprendeu a viver apenas com um sonho, fazendo desse sonho a sua prioridade suprema, abdicando de muitas coisas para o concretizar. És uma mulher madura, tornaste o teu sonho realidade e és feliz á tua maneira.  Um sonho com o qual vives todos os dias e que deu sentido, luz e alegria à tua vida!

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