Chuva
Abri a janela para ver a chuva cair, a musicalidade que aos meus ouvidos chegava das grossas pingas a cair do beiral do telhado, indiferentes se eram bem vindas ou não, da água a correr pelo pátio abaixo, deslizando suavemente entrava direitinha no reservatório que está abaixo do solo. No quintal os feijões acabados de serem semeados recebiam esta abençoada chuva, que os iria fazer germinar dentro de pouco tempo.
Adoro ver as plantas que sulcam timidamente a terra tal como uma criança que se anuncia nascer, resultante das sementes que cuidadosamente deixei cair. Começam a surgir um pouco envergonhadas, apenas uma pontinha verde desponta de inicio mas depois começam a crescer de dia para dia até se tornar numa planta grande, florir e deixar desabrochar o legume próprio da sua natureza.
Hoje o céu enegreceu, as nuvens tornaram-se densas e escuras e a chuva do céu caiu, como uma bençao, da janela eu via a chuva cair na estrada e a água a saltitar em cima dos carros, estes com o limpa para brisas a funcionar afastavam a chuva que lhes batia nos vidros.
Também aquela senhora caminhava de guarda chuva aberto se resguardando da chuva, os sapatos chapinhando na água, estaria feliz por finalmente poder caminhar enquanto chove? Também ela sentirá como eu que chegamos à primavera sem ter havido Inverno?
Da minha janela senti o cheiro a terra molhada, senti o ar mais limpo e isso deixou-me feliz. Não necessito de coisas muito elaboradas para ser feliz, o facto de ver a chuva cair, sentir o cheiro da terra molhada enquanto se atravessa uma seca severa é motivo suficiente para me sentir feliz!
Não fosse o facto de alguém me ver e dizer que enlouqueci, iria para o meio da rua sem guarda chuva abarcar esta chuva nos meus cabelos, no meu rosto, no meu corpo e dizer "Obrigada" (É claro que logo de seguida iria para o duche para aquecer)!