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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Agora os dias são todos iguais

Maria, 02.03.21

Numa época já passada a senhora X quando abria o guarda roupa, escolhia um vestido daqueles que mais gostava ou uma blusa fina para combinar com umas calças brancas, retirava da gaveta umas meias finas e punha de parte aqueles sapatos pretos de salto alto, após se equipar com isto tudo  aplicava um pouco maquilhagem,  olhava o espelho e sentia-se bonita.  Pronta para ir dançar. A hora combinada para sair estava prestes a chegar e a sua amiga devia estar a aparecer dentro de poucos minutos. Pegava num casaco e na mão levava uma bolsa pequena e um saco de papel com uns sapatos suplentes.

Na sala de dança, elas dançavam e rodopiavam ao som da música com os pares, desde que chegavam até à hora de sair dançavam quase todas as músicas e, quando os pés acusavam já algum desconforto, trocavam os sapatos por aqueles que iam no saco. Quando regressavam a casa vinham cansadas, mas felizes. Descontraídas e revigoradas, divertiam-se a comentar mais uma bela tarde de dança. Dançar e conviver era o escape que as motivava para iniciar com garra a próxima semana de trabalho. Era... porque agora já não é.... tudo se esfumou, trabalho, diversão, convívio.... com uma pandemia que surgiu em Março de 2020, agora os dias são todos iguais.

Por vezes a senhora X se baralha com os dias e tem que fazer contas para perceber  em que dia da semana está, se é quinta, se é sexta ou outro dia qualquer. Consequências nefastas do isolamento que uma pandemia sem precedentes causou.

Os dias são todos iguais, emersos numa rotina de um confinamento que tende a atrofiar até as mentes mais fortes. 

Inventam-se trabalhos para estar ocupado, inventam-se caminhadas por tudo quanto é sitio, corre-se no paredão e, ao Domingo com um dia cheio de sol  e uma temperatura primaveril vê-se gente por todo o lado. Por mais que se queira respeitar o confinamento existe algo dentro de cada ser humano que chama mais alto, que clama pela a vida que se deixou para trás, existe a ansiedade de sair, existe a vontade de beijar e abraçar com a naturalidade perdida as pessoas que são queridas, existe a vontade de voltar a ter refeições de convívio, existe a falta das festas populares.... Existe uma saudade tremenda de tudo.

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O meu olhar sobre#2#rosto de um idoso

Maria, 08.02.21

De olhar cansado pelos anos onde já não há lugar para as letras, a visão a falhar saída de uns olhos quase escondidos pelo sulco das rugas que os envolvem, existe uma serenidade que não foi roubada pelos anos de trabalho árduo. Um rosto outrora, robusto e queimado pelo sol, pelo frio e chuva encontra-se agora claro e flácido envolto numa rala cabeleira branca, também sinal de uma juventude que há muito o abandonou.

Segura a bengala que o ampara quando dá os seus pequenos passeios, porque as forças pujantes de outrora escasseiam agora mas, não obstante as dificuldades ele obriga-se a caminhar um pouco todos os dias, segue as recomendações do médico, diz que é bom para o coração e para os movimentos dos ossos e músculos. Os seus passeios são curtos mas o suficiente para que não perca mobilidade.

Sente uma saudade atroz do tempo em que trabalhava de sol a sol, de mexer na terra, da faina do tractor, de arrancar da terra o produto da sementeira, sente saudade de sentir a roupa molhada pela chuva, e do calor abrasador do verão, do cantar dos pássaros e dos passos que o levavam às terras.

Aos domingos ia à missa, nunca falhava antes da pandemia, gosta de lá ir, toda a sua vida foi, já não sabe se vai por devoção ou por hábito, é uma coisa que faz parte da sua vida. Agora não há, encara isso com alguma tristeza, diz o neto que se alguma vez voltar a ir tem que levar uma máscara, acha isso uma coisa estranha mas já se habituou a ver toda a gente de máscara...

Poucas são as coisas que o prendem à vida, já viveu muito, diz. A única coisa que lhe dá uma felicidade imensa, a mais importante do seu dia, é a visita dos seus filhos, conta os dias e as horas que faltam para eles chegarem, sabe exactamente quem vai  naquele dia e conta as mesmas histórias vezes sem conta, pequenos episódios da sua longa vida e lendas que ouviu contar. Agradece todos os dia a Deus pela sua vida e pede pela saúde da sua família.

Nota-se no seu rosto e nas suas mãos as marcas de uma vida árdua mas também de muito amor, e os seus olhos transmitem em cada momento a serenidade que o seu coração contém!

Carrega nos ombros o peso dos anos e a solidão dos dias!

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Desafio | Passa-Palavra #2#Saudade

Maria, 30.09.20

Seguindo a proposta da Mel  e da Mula para o desafio desta semana, vamos falar um pouco dessa palavra transformada em sentimento "Saudade"! 

Quem não sentiu já saudade ou sente de alguém ou de alguma coisa que já teve?

Esta é uma das palavras mais poderosas em termos de sentimentos, é impossível falar de saudade sem que alguma coisa se mexa cá dentro!

Palavra inspiradora de musica, de poesia, de nostalgia de tempos idos, de alegria e tristeza....

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Quando me deixaste,

ficou um vazio sem fim 

a árvore que plantaste,

e que a mim dedicaste

cresceu e frutos deu,

saborosos e doces

como que para sempre lembrar

quem me ilumina do céu!

 

 

Saudade e sonho

Maria, 31.03.15

Eras pouco mais que uma miúda, eras uma jovem mulher com muitos sonhos e projetos de vida para o futuro. Eras uma jovem mulher que ao lado do teu príncepe encantado sonhavas construir uma casa e uma familia e viverem juntos até serem velhinhos. Sonhavas junto com ele, ensinar coisas novas, brincar, passear e buscar à escola os filhos, depois os netos, sonhavas fazerem viajens juntos, passear de mão dada, olhar o pôr do sol, sonhavas tantas coisas simples mas que para ti eram castelos dourados, quando eras uma jovem mulher! Um dia recebeste aquela notícia que te apunhalou pelas costas e o teu projeto de vida e os teus sonhos ruíram como um castelo de cartas Hoje és uma mulher que amadureceu, que vê sozinha o pôr do sol e que aprendeu a viver apenas com um sonho, fazendo desse sonho a sua prioridade suprema, abdicando de muitas coisas para o concretizar. És uma mulher madura, tornaste o teu sonho realidade e és feliz á tua maneira.  Um sonho com o qual vives todos os dias e que deu sentido, luz e alegria à tua vida!

Os Desafios da Abelha

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