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Abrigo das letras

Abrigo das letras

25 de Abril 1974

Aquele dia de Abril começou para ti igual a tantos outros, uma temperatura amena própria da época, um autocarro que te apanhou para te levar para a fábrica multinacional alemã na qual trabalhavas, as colegas, a mesma rotina... porém, quando chegaste à fábrica algo estava diferente, havia no ar uma tensão desconhecida.... os chefes informam todo o pessoal que naquele dia não se trabalha, que podem ir para casa da forma que conseguirem porque estava a acontecer uma revolução em Lisboa.

Uma revolução em Lisboa.... o que significava isto? Algo novo para ti... informação pouca... começas a ouvir umas coisas aqui, outras ali e dás-te conta do que realmente está a acontecer, a rádio toca as músicas revolucionárias de Paulo de Carvalho "E depois do Adeus" e "Grândola Vila morena" de Zeca Afonso".

O teu namorado está na tropa em Lisboa, temes por ele, não sabes o que vai acontecer mas, uma coisa ficas a saber nas muitas conversas que ouves... esta revolução trás o fim da ida dos militares para as colónias ultramarinas, um alívio para tantas famílias. Milhares de soldados morrem nesta guerra e outros tantos ficam mutilados, todos ficam afectados psicologicamente... o país vai andar à deriva por uns tempos.

Aos poucos a situação do país vai se recompondo, a liberdade conquistada começa a produzir os seus efeitos.

A liberdade que temos hoje a devemos aos capitães de Abril que ousaram levar a cabo uma revolução contra o regime sob o qual o país estava submetido há quarenta anos. Nunca é demais louvar este Movimento Militar que nos trouxe a liberdade de expressão, de movimentos, de voto... mas,  devemos também pensar que nem sempre foi assim!

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cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi Celeste Caeiro, que trabalhava num restaurante na Rua Braancamp de Lisboa, que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas. Por isso, chama-se ao 25 de abril de 1974 a "Revolução dos Cravos"

 

Revolução dos cravos

Ouvem-se foguetes, o dia é de festa e de alegria, António chegou! Finalmente António chegou, após dois anos de serviço militar cumprido em Angola. Em 1973 Manuela era uma adolescente, trabalhava numa multinacional alemã, usava uma bata branca como farda, tecia peças para eletrodomésticos. António cumpria o serviço militar obrigatório, trocavam cartas, muitas cartas que Manuela guarda até hoje e nelas faziam juras de amor, planevam o futuro, ela ia dando noticias da sua aldeia, e esperava o seu regresso com muita ansiedade. Manuela temia que ele não regressasse vivo, António temia que Manuela não esperasse por ele, viviam separados e angustiados. Manuela ouvia na rádio  e via na televisão do café, na altura do natal as mensagens de boas festas das tropas. A guerra no Ultramar ensombrava o pensamento das namoradas, mulheres e de todas as familias dos rapazes que estavam na tropa e também todas aquelas que tinham filhos rapazes. Quatro anos de tropa era muito tempo roubado aos rapazes/ homens deste país. Muitos não voltaram mais, outros voltaram mutiliados, outros voltaram muito afetados pesicológicamente e nunca conseguiram recuperar. Era um tormento.

No dia 25 de Abril de 1974 acontece algo diferente, a rádio começa a tocar (Grândola vila morena) música de Zeca Afonso e (Depois do adeus) de Paulo de Carvalho, foram as senhas escolhidas para dar inicio à revolução que viria a deitar a baixo o regime ditador do presidente Dr. Oliveira Zalazar e implantar  o regime  democratico que vigora até hoje. Tudo se alterou naquele dia cinzento de Abril....em Lisboa vivia-se a revolução, foram distribuídos cravos vermelhos aos soldados!

A independencia às colonias africanas foi uma realidade e os militares puderam finalmente respirar de alivio sem a sombra da guerra do ultramar.

António regressou e foi dia de festa... Manuela e António casaram e construiram o seu futuro, mas António jamais consegue esquecer aquele tempo passado em Angola...

 

"O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi Celeste Caeiro, que trabalhava num restaurante na Rua Braancamp de Lisboa, que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas. Por isso se chama ao 25 de Abril de 74 a "Revolução dos Cravos".