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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Pulsar de vida

Maria, 15.06.22

Nesta primavera com temperaturas de verão, e quando o inverno não nos visitou, não é de admirar que os lagos, charcas e barragens estejam muito aquém da sua capacidade, dói, olhar e ver toda aquela superfície descoberta que devia estar coberta de água, dói quando se caminha pela serra e não se encontra um fio de água corrente, dói sentir o clamor da terra, dói sentir o apelo estridente dos ribeiros, dói sentir a falta da frescura natural da serra.

Ainda assim no meio de tanta dor, ainda que o pó se espalhe no ar, ainda que as pedras do caminho se soltem da terra, ainda que os galhos nos piquem as pernas, ainda que os sapatos escorreguem nos grãos de terra seca, ainda que o sol nos queime a pele... ainda assim, nós, os caminhantes, os ciclistas e aqueles que vão nas motas, ainda assim a serra pulsa de vida.

E neste pulsar de vida existem pequenos milagres se assim o quisermos chamar, ou "horas de sorte" como outros lhe chamarão. O caminho é uma descida incrível cheia de socalcos e pedras e no meio do nada, algo toca, um som de telefone vindo do chão desperta a atenção dos caminhantes.... que é isto??? todos os olhares se viram para o sitio de onde vinha o som e ali caído no meio das ervas estava ele. Alguém pega e atende a chamada, do outro lado alguém atende... era o proprietário do mesmo que na sua busca   ia ligando para ver se o ouvia tocar. Chamaremos a isto "Hora de sorte" "pequeno milagre"!!!! ou apenas uma boa coincidência o facto de este pequeno grupo de caminhantes estar a passar ali precisamente na hora que o telefone tocou, porque se não tocasse ninguém daria pelo aparelho uma vez que ele estava meio escondido nas ervas. Há coisas que nos fazem pensar que nada acontece por um simples acaso!

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Raízes

Maria, 23.03.22

Na quietude dos dias em que os minutos se tornam horas contrastando com o tempo em que as horas se traduziam a minutos, chega-me disfarçadamente o som das pingas em tom crescente despertando a minha curiosidade de "felina". As pingas se transformam numa chuva tranquila que ao entrar em contacto com o solo, este a engole rapidamente sôfrego que está do aconchego macio e húmido que a chuva lhe proporciona.

As ervinhas, pequenos e frágeis fios verdes que despontam com uma ou duas folhinhas, cada uma feliz lutando por marcar o seu lugar no universo da sua natureza, não supondo sequer que daí a dias uma cruel ferramenta viria revolver  a terra, expondo as suas minúsculas e indefesas raízes, qual guerra que tudo vira do avesso.

Num período de acalmia, algumas raízes se agarram de novo à terra, vingam as mais fortes e vigorosas, até chegar outra ferramenta mais poderosa que as volta a derrubar, ainda assim, as mais fortes, resilientes, lutam na esperança de que ninguém se lembre de algum produto químico poderoso e perigoso que embora proibido seja utilizado para exterminar as ervas por muitos consideradas como daninhas! 

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Caminhos da serra

Maria, 22.02.22

É um dia de Inverno, mas o céu está azul e o sol brilha em todo o seu explendor, a temperatura está amena, um dia delicioso para enveredar por aqueles caminhos no meio da serra.

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Todos os caminhos estão ladeados pela cor da alegria, o amarelo lindo e suave das mimosas que desabrocham, embelezam e perfumam os trilhos da serra. A Primavera antecipada.

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Por cima de nós três águias esvoaçam e cantam livremente alheias aos problemas sérios que este estado de tempo atípico que se debruça sobre nós. Nesta altura do ano, em estado normal,  a erva estaria alta e molhada, o piso estaria lamacento e escorregadio, andaríamos a chafurdar na lama, a saltar poças de água e atravessar ribeiros, nada disto acontece e  nos confunde.... estamos no inverno ou no verão???

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Procuramos as sombras das frondosas árvores que se erguem altas e imponentes, as suas raízes bem fundas distendem-se à procura de humidade, muitas estão despidas de folhagem.

20220220_132638.jpgUma extensão de arbustos completamente floridos se estende ao nosso lado esquerdo criando uma visão extraordinária! 

Natureza

Maria, 19.04.21

Escondida num mundo verdejante, encontras-te só, já foste palco de vida, talvez um guardião da cascata te tivesse habitado, talvez fosses residência permanente de alguma família talvez... talvez.... As tuas grossas paredes abrigaram do frio e da chuva vidas antepassadas. Nas longas noites de inverno à luz de uma candeia se jantou numa mesa de pedra, ao som da melodia da queda de água da cascata. As tuas paredes de pedra  talvez abrigassem no seu interior uma vasta lareira para aquecer, talvez houvesse muito calor humano.

À tua beira corre o ribeiro, a água cai de uma linda cascata, a sua música, a tranquilidade, a frescura que aqui se respira é motivo mais que suficiente para que os povos da vida moderna corram a visitar a cascata e passam por ti, olham para ti, sentem a curiosidade de entender a tua existência, entram a tua porta escancarada, questionam a vida que se viveu aqui e encantam-se com a luxuriante vegetação que te envolve!

És a Cascata de Armés um maravilha dentro do meio rural e tão perto de Lisboa!

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Abril águas mil

Maria, 14.04.21

Cais de mansinho, em gotas suaves, melodiosas, deslizas lentamente sobre o pano do guarda chuva e desfazes-te no piso alcatroado em que caminho. Unes-te a milhares de outras gotas e juntas formam uma corrente que segue em direcção ao ribeiro.

Indiferente à chuva que cai sobre as abas do seu chapéu, ela caminha embalada pelo seu som, e atenta aos veículos que passam. Salpicos vão molhando os sapatos, as calças, as mãos e o cabelo, mas isso não importa, ela gosta de caminhar à chuva, gosta do seu som, da sua melodia, gosta dos salpicos e de ver as pingas caírem em cima das outras pingas.

De repente um relâmpago, assusta-se um pouco, mas logo se recompõe e segue-se o trovão, as pingas estão a cair mais fortes até que se tornam numa chuva torrencial e ela ali com chapéu de chuva na mão... avista o canavial... corre a abrigar-se.... é um telheiro roto mas abriga um pouco. Permanece ali enquanto a chuva forte dura e pensa.... está a regar a hortinha, que bom, nada como água da chuva para as plantas, tudo fica mais vivo mais resplandecente e viçoso.

Em pouco tempo forma-se o lençol de água na estrada, os carros passam e levantam a água em saraivadas fortes e brutas.

"Em Abril águas mil"

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Os Desafios da Abelha

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