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Abrigo das letras

Abrigo das letras

Verão

Se me perguntarem se gosto do Verão? é verdade, eu gosto do Verão, gosto de usar roupas frescas, de comer saladas e peixe grelhado, gosto de ir à praia e tomar banhos de água fria, caminhar na areia molhada com as ondas a rebentar nos pés, gosto de ver o pessoal a jogar à bola na areia, de ver os corpos bronzeados, de comer gelados, de sentir o sol a queimar ao de leve a minha pele, das cores e das sombras do chapéus de sol, de ver e ouvir as crianças pequeninas a brincar na areia com os seus baldinhos e pás, gosto dos piqueniques feitos no pinhal ou em parques próprios e das festas de verão, dos arraias, das procissões, dos artistas, dos bailaricos e do fogo de artifício, de almoçar, jantar e comer caracóis nos restaurantes das festas, das quermesses, de ver pessoas que já não via há anos e sobretudo do convívio, e tantas mais coisas que não me estou a lembrar agora. Também há as coisas de que não gosto, a confusão de gente nas praias, nos supermercados, no transito, nas ruas (mas sem gente nas ruas o verão não sabe a verão), não gosto dos incêndios, das bebedeiras, da má educação e faltas de respeito etc...

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Não gosto do calor extremo que se fez sentir a semana passada, nem que esse mesmo calor tenha provocado tantos prejuízos nas vinhas e pomares, nem da destruição de tantos hectares de floresta queimada pelos incêndios, nem de tantas casas queimadas e tento colocar-me no lugar das pessoas que perderam tudo pelo o que lutaram uma vida inteira, tento colocar-me nesse lugar mas não consigo, é muito difícil imaginar-me ficar sem tudo o que construí de um momento para o outro e compreendo a relutância que muitas dessas pessoas tiveram em abandonar as suas casas, mas também compreendo que em primeiro lugar está a vida da pessoa, a casa e os bens vêm em segundo lugar embora, isso seja uma parte importantíssima da vida das pessoas... Depois há que recomeçar do zero.... deixo aqui um grande abraço de solidariedade para todos os que ficaram menos bem!

O poder de um olhar

Caminhavam em sentidos opostos, embrenhados em seus pensamentos, em questões por resolver, em tarefas para executar .... levantaram os olhares e, por magia, ou não, os seus olhares se cruzaram. Pararam de caminhar, de pensar, de ver o que se passava ao seu redor, os olhos eram incapazes de se desviar, hipnotizados que estavam. Nada disseram, os olhos disseram as palavras que os lábios calaram. Não eram necessárias palavras....

Pessoas de alma transparente, ou não, eram pessoas comuns como tantos outras que nesse momento se sentiram o centro do mundo, que apenas elas existiam e se completavam apenas com um olhar. Um olhar do tamanho de uma vida, um olhar que vê até ao fundo da alma, de uma alma gémea...

Que nome dar a um sentimento assim? instantãneo, doce, límpido....

Um olhar que jamais se esqueceu, que jamais se repetiu, um olhar que perdura ao longo de uma vida.

Doce é o seu olhar

lindo é o seu olhar

o seu olhar é amor!

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Sinto falta das pessoas que vão desaparecendo

Um a um, homens e mulheres vão desaparecendo da minha aldeia, pessoas que me habituei a ver na sua vida ativa na época em que eu era ainda uma menina, pessoas que no seu dia a dia contribuiam para o desenvolvimento da sua aldeia e o sustento da sua familia. Hoje vejo as casas onde habitaram, algumas muito descuidadas, degradadas até, e sinto pena de as ver assim, outras ganharam nova vida, foram restauradas e estão muito bonitas, os seus antigos donos gostariam de as ver assim! As pessoas da minha aldeia ganhavam o sustento trabalhando a terra, todos os bocadinhos de terra, incluindo encostas eram amanhados para cultivo dos mais variados produtos que vendiam nos mercados das das vilas mais próximas. Produziam o seu vinho a sua carne, as suas batatas e feijões... Era vê-las todos os dias atrás dos seus burritos transportando legumes, frutas e hortaliças...depois chegaram os pequenos tratores com reboque que facilitou o transporte e a vida foi evoluindo....

Hoje, restam poucas dessas pessoas, mas mesmo essas já pouco se veem porque já não saem de casa ou estão em lares de terceira idade. A noticia de mais uma senhora que nos deixou é mais uma perda para a aldeia que a viu nascer..

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 (imagem tirada da net)

 

 

Dádiva de sangue

Chegaste para mais uma vez doar um pouco de ti e, notaste algo de diferente em relação às outras vezes, depois de alguns segundos reparaste que eram aqueles homens e mulheres vestidos com uma camisola azul que trazia escrito nas costas "juntos pelo P. G." ficaste curiosa e quando tiveste oportunidade de perguntar, perguntaste a alguém quem era P. G. e o que se passava. Foi-te explicado que ele sofria de uma doença e precisava urgentemente de encontrar um dador de medula óssea. Nesse dia estava muito mais pessoas que o normal, o ambiente era fraterno, muitos amigos e pessoas conhecidas de P. G. quizeram oferecer um pouco de si, ou outros também, (é quase contagioso). Na comunidade de dadores de sangue vão os  dadores de longa data e também há sempre novos dadores, aparecem muitos jovens, felizmente que é assim, gera-se um onda de solideriedade e partilha num ambiente diferente, as pessoas estão ali com um objetivo muito nobre e ao mesmo tempo muito humilde! 

"Assim como o farol protege os náufragos os Dadores protegem os doentes"

Mentira

Perceber que uma pessoa está a mentir pode ser uma tarefa difícil. Muitas vezes o mentiroso acredita na sua própria mentira. No entanto ao conviver com alguém que mente todos os dias e que o faz com desenvoltura e naturalidade é constrangedor, mas fácil de detetar quando a mentira está a acontecer. Todas as pessoas mentem, com maior ou menor gravidade, isso acontece quase tão naturalmente como existir... muitas pessoas preferem ouvir mentiras bonitas a verdades menos agradáveis. Mentir para se proteger, mentir para prejudicar outra, mentir para tirar proveito, mentir para não fazer outro sofrer... há tantas razões para ocultar a verdade que as pessoas mentem quase sem dar por isso.