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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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A tradição a cumprir-se

Maria, 01.11.21

Já se ouve ao longe a alegria das crianças, hoje é o dia delas, em grupos de dez ou de duas ou três, aí andam elas alegres a percorrer as ruas da aldeia com os seus sacos coloridos e muitos sorrisos no rosto. Ouve-se em uníssono "há pão por Deus". Quase  revejo nestas crianças a menina que eu fui, quando alegre fazia os mesmos caminhos com a mesma alegria que eles (é tão bom ser criança). A chuva deu lugar a lindo dia, apenas com algumas nuvens, o S. Pedro a lembrar-se de que esta é uma festa das crianças e de que eles adoram este dia!

Também eu amo este dia, de propósito fico em casa para apaparicar estes meninos e meninas com rebuçados, gomas ou caramelos que vou deixando cair nos seus sacos de panos coloridos. Obrigada, obrigado, obrigada.... vou ouvindo de cada um à medida que as guloseimas vão caindo .... depois seguem quase cantando pele rua "há pão por Deus"!

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E mais uma vez fiz a experiência de amassar uma broas, que ficaram deliciosas!

Pão por Deus 2017

Maria, 31.10.17

Rápidamente passam os anos, chegamos mais uma vez a esta data tão apreciada pelas crianças. O dia do "Pão por Deus" celebrado todos os anos a 1 de Novembro , feriado e dia santo, denominado o dia de Todos os os Santos, é também o dia em que as pessoas rumam ao cemitério a limpar e a compôr as últimas moradas dos seus entes queridos.

Mas, falava eu do dia de "Pão por Deus", este dia em que as crianças saem à rua, normalmente em grupo, por vezes acompanhados por alguém adulto, com os seus saquinhos coloridos e chegam-se à porta das pessoas e pedem o dito "Pão por Deus".

Confesso que faço sempre por estar em casa nesta manhã, pois me dá um prazer enorme participar desta festa das crianças, depressa me vem à mente uma época longínqua (mas não tanto, porque o tempo passa depressa demais) em que eu também fazia isso, e era algo que apreciava muito, não só pelo convívio com os outros mas também porque naquela época as  oportunidades de comer goluseimas eram muito raras.

Esta é uma tradiçao que remonta a épocas muito antigas, li em algum sítio que terá começado após o terramoto de 1755, dia em a terra tremeu e que atingiu particularmente o litoral português e o Algarve, destruindo a cidade de Lisboa. A fome e a miséria eram muito fortes e as crianças com necessidades extremas começaram a ir pedir à porta das pessoas o Pão por Deus para mitigarem a fome que as atingia.

A tradição mantém- se até aos nossos dias, mas, felizmente agora com um sentido diferente. Actualmente é um dia de festa para as crianças.

Deixo aqui a imagem do que tenho preparado para dar as todas as crianças que à minha porta vierem ter, e todas serão bem vindas!

 

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Há Pão por Deus 2016

Maria, 01.11.16

Uma das tradições mais bonitas que existe. Foi com muito carinho que preparei os saquinhos que vou distribuir pelos meninos e meninas que daqui a pouco vão andar pelas ruas, batendo a campainha das portas com a frase do dia "há Pão por Deus"

Enquanto distribuo aquilo que preparei é quase como se voltasse a ser menina e fosse eu a criança que hoje bate às portas. 

Naquela época, as nossas mães costuravam de propósito os sacos, levavámos sempre dois sacos porque havia coisas que não se deviam misturar, iamos em grandes ou pequenos grupos, na minha aldeia existiam muitas crianças, a alegria bailava nas ruas, nas portas e nas casas, era um dia de uma alegria excepcional. 

Hoje não é muito diferente de outrora, apenas algumas nuances de modernidade se fazem notar, alguns adultos acompanham as crianças mais pequenas. 

Com nuances ou não o que importa mesmo é que não se percam as tradições que trazem alegria, que trazem vida às ruas, às casas e às pessoas!

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 Aqui vos mostro a cesta que preparei para este dia.

 

Hoje a minha porta está aberta para os receber com o carinho que merecem, as crianças são o melhor que o mundo e a vida têm! 

 

 

Há Pão por Deus

Maria, 01.10.16

Esta é a tradição mais bonita que existe. É com muito carinho que preparo os saquinhos que vou distribuir esta manhã pelos meninos e meninas que há minha porta virão bater "há pão por Deus" é a frase que se vai ouvir. Enquanto distribuo os saquinhos é como se eu própria também andasse de porta em porta como fazia quando era uma menina pequena. Que dia tão feliz era aquele, as nossas mães costuravam de propósito os sacos, levávamos sempre dois sacos, havia coisas que não se deviam misturar. Iamos em grupos, por vezes grandes grupos, a minha aldeia tinha muitas crianças, a alegria bailava nas ruas, nas portas e nas casas.

Hoje é um pouco, mas não muito diferente, apenas algumas nuances de modernidade se fazem notar, mas o que importa mesmo é que a tradição não se perca, as crianças merecem as tradições bonitas, elas são o melhor que o mundo tem. Todos um dia já o fomos e sabemos como é bom ser criança!

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 Aqui vos mostro a minha cesta com os saquinhos que preparei com carinho para os meninos e meninas que à minha porta virão bater com a linda frasse "Há Pão por Deus"

Há pão por Deus

Maria, 01.11.15

Os saquinhos estavam dentro de uma taça grande em cima da mesa, neles estavam rebuçados, gomas e linguas de gato. O céu estava muito cinzento e a chuva caía em gotas grossas, escorriam pelas varandas e pátios e desaguavam nas caixas pluviais, as crianças não apareciam e os saquinhos ali estavam imóveis à espera.

 

No dia anterior tinha feito uma corrida contra o tempo para comprar e preparar com carinho aquilo que pretendia presentar as crianças neste dia tão especial para elas e para cumprir a tradição.

 

Noutro tempo, quando era criança, esperava por este dia com uma ansiedade algo desmedida. Era com alegria que saía para a rua em grupo com os irmãos e irmãs e também as outras crianças da rua, percorriam durante cerca de duas horas as ruas da aldeia com dois sacos, um de plástico para as pevides e tremoços e outro de pano que a sua mãe confecionava especialmente para o efeito para as restantes coisas que as pessoas iam dando, os sacos vinham cheios, á tarde entretinha-se a separar as goluzeimas que iria comer durante toda a semana. 

 

Os saquinhos continuam á espera.

 

A chuva vai abrandando, a hora vai avançando e alguém toca a campainha, abre a porta e aí está o primeiro grupo de crianças, são oito, cada uma com o seu saco e o seu chapéu de chuva aberto, "há pão por Deus" pronunciam, a senhora responde que sim e que esperem um pouco, volta para dentro de casa e regressa com a taça grande, os saquinhos saltam da taça grande para os sacos das crianças "que bom, gomas" esclama uma, e  uma a uma vão abrindo os sacos. Eles educadamente agradecem e seguem para outra porta. 

 

Os outros saquinhos vão continuar à espera de resgate.

 

O mais divertido não eram própriamente as goluzeimas (embora fossem importantes porque na época não se tinha acesso a coisas doces com facilidade) era sim o convivio, o caminhar, o bater às portas e dizer "há pão por Deus" e vinham as senhoras distribuir o que tinham para dar. No entanto havia sempre alguém que fazia de propósito para não estar em casa nesse dia.

 

A chuva já parou, a campainha volta a tocar e mais um grupo aparece, os chapéus de chuva estão fechados, a taça grande volta a sair à rua e os saquinhos saltam para os sacos das crianças, esta cena se repete para mais alguns grupos destemidos da chuva que não quizeram deixar cair a tradição.

 

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