Do sitio onde estou, tenho uma boa visão de quem passa, ainda falta algum tempo para o meu compromisso, portanto aguardo no carro e observo. Grupos de adolescentes que vão ou vêm da escola, todas têm em comum uma coisa, ou várias coisas, neste caso em concreto o que me desperta a atenção, são as roupas pretas. De mochila às costa, calças justas, camisola, blusão e sapatilhas, todas trajam assim, todas usam pelo menos uma peça de roupa preta. Vão em grupos duas, de três ou quatro, conversam umas com as outras ou mexem nos telemóveis. Eu também ja tive a idade delas, não tinha porém, mochila, blusão nem sapatilhas e muito menos telemóvel. Era outro tempo, um tempo do passado. Tinha outras coisas, toda a gente tem ou teve outras coisas, tem ou teve outra forma de viver, o tempo está em constante mudança, o minuto que acabou de passar, já faz parte do passado, o que foi criado ontem já faz parte do passado, o presente é apenas este momento e este momento também já é passado.
Voltando ás roupas pretas, olho para mim, também eu tenho vestida uma peça de roupa preta. Porquê que hoje também eu vesti uma peça de roupa preta? Será porque hoje eu iria me focar nas pessoas que vestem esta cor, se é que se pode chamar cor ao preto. Claro que o preto é uma cor assim como o branco, se assim não fosse não fariam parte da palete das cores.
Porquê então, vesti eu uma roupa preta? A resposta não sei, sei apenas que a blusa dessa cor ficava bem por baixo do casaco que queria vestir. O preto assim como o branco são as duas únicas cores que criam harmonia com todas as outras.
"Com um simples vestido preto eu nunca me comprometo"