Carisma da loja tradicional
Este carisma que se vai perdendo pouco a pouco, um bocadinho por todo o lado. O talho onde a senhora de óculos com lentes grossas e espessa armação costumava ir comprar os bifes ou franguito do campo e, a quem o dono do talho já conhecia os seus gostos e as suas necessidades.... Algum espanto se desenha no seu rosto queimado pelo sol e marcado pelo tempo, algumas rugas que teimam em se aprofundar...
Quando entra depara com um ambiente que não lhe é familiar, pensa que se enganou na porta, sai e volta a entrar e pensa "sim é aqui, não me enganei, ainda não estou tonta, isto é que mudou". Estão ali uns funcionários de camiseta preta e avental de cor avermelhada ao invés do antigo dono do talho que usava uma bata branca por vezes salpicada de sangue, mas conhecia e tratava todos os seus clientes como de amigos se tratassem. Funcionários simpáticos e desembaraçados sem dúvida, quantidades de carne exposta, arrumada e separada convenientemente por divisórias de plástico duro e opaco, sim, tudo muito bem, até bem de mais porque, o carisma tradicional não está presente e, em vez disso, está tudo com uma apresentação mais industrializada o que leva o consumidor a encarar tudo por igual, seja aqui como no hipermercado, embora este espaço continue a ser um talho inserido num mercado municipal.