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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Biblioteca itinerante

Maria, 13.09.16

Hoje é dia de vir a biblioteca itenerante (ambulante) à aldeia, apresso-me a ir recolher os livros que li nestes quinze dias desde a última vez que a carrinha veio. Tenho cerca doze ou treze ou anos, a minha sede de ler é imensa, os meus pais não nos compram livros e pouco acesso temos a eles, às vezes lá aparece um ou outro em casa mas não são para a minha idade e não são leituras que aprecie. O meu irmão mais velho consegue alguns livros não sei onde. A carrinha chegou, é um momento alto do dia, da semana, juntam-se muitas pessoas para escolher os seus livros, não podem entrar todos ao mesmo tempo na carrinha, temos que aguardar vez. É a minha vez de entrar, que bom é escolher o que quero ler, escolho dois livros de aventuras, leio quase tudo o que Enid Blyton escreve, sou fã incondicional desta escritora. 

Há saída comentamos uns com os outros as nossas escolhas e os livros que lemos na quinzena anterior, é um momento de convívio de felicidade.

 

A Fundação Calouste Gulbenkian teve para mim um papel muito importante no que toca a satisfazer a minha ânsia de leitura ao  ter criado as bibliotecas itinerantes que de outra forma não teria acesso a livros tão bons que todas as gerações lêem! 

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 A Fundação Calouste Gulbenkian estabeleceu parcerias com as autarquias, através das quais estas últimas cediam instalações para depósito dos livros e pontualmente contribuíam no pagamento de despesas, ao passo que a Fundação arcava com o grande ónus das expensas (fornecer o acervo de obras, o biblio-carro, pagar os honorário do pessoal, o combustível, despesas de manutenção e conservação, etc). A Gulbenkian substituia-se assim ao Estado ao criar uma rede de bibliotecas, até porque o Estado não estava muito interessado na formação de cidadãos plenamente esclarecidos e informados.

Há livros a circular pelas ruas de Lisboa

Maria, 01.09.16

Uma iniciativa que aplaudo com as duas mãos. A Junta de Freguesia de Arroios em Lisboa em conjunto com a Biblioteca S. Lázaro da mesma freguesia uniram-se numa iniciativa de distribuição de livros pelas ruas com o intuito de fomentar o gosto pela leitura. Os livros são um mundo a descobrir.

 

Nós, os particulares também podemos aderir a esta iniciativa nas cidades, vilas ou aldeias onde vivemos com livros que temos a mais em casa e que por vezes já se sobrepôem uns sobre os outros.

 

Há algum tempo já publiquei um post sobre este tema que podem ver aqui  e já deixei alguns livros em bancos de jardim, nunca cheguei a ver se alguém os levou porque não fiquei para ver. Tenho a certeza que sim que alguém os terá levado, deixei uma mensagem no meio das suas páginas. 

 

Há leituras que gosto tanto que passado alguns anos volto a lê-los porque já me esqueci de parte do seu conteúdo, ficou a memória de ter gostado muito e isso leva-me a querer ler de novo. Com eles conheço lugares, países, culturas, épocas, uma infinidade de conhecimentos que quem não lê não adquir a menos que viaje muito!

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Ler livros na praia... esquece .... para Maria, não

Maria, 20.06.16

Maria estava numa praia onde supostamente ninguém a conhecia e onde ela não conhecia ninguém. Maria levava um livro para para ler algumas páginas embora soubesse de antemão que se calhar nem o ia abrir, mas levou o livro. A concentração no livro era sempre interrompida pelas vozes de pessoas que passavam, por brincadeiras de crianças, pelo o múrmúrio das ondas, ou simplesmente pelo abanar das abas do guarda sol. Qualquer coisa servia para que Maria se distraísse e tirasse os olhos do livro, ela queria apreciar a praia e o momento.

 

Deitou-se de barriga para baixo e fechou os olhos "passou pelas brasas" por momentos, ouve o som das ondas que vão e vêem em intervalos pequenos, outras vezes faz-se um silêncio e Maria tem a sensação de estar sozinha naquela praia, olha em volta e a praia está cheia de chapéus de sol e corta-ventos.

 

Maria está na sombra do seu guarda- sol e no abrigo do seu corta-ventos desfrutando o momento bom que a praia proporciona, entretanto, vai escrevinhando com lápis de carvão umas palavras num caderno de folhas brancas que a acompanha sempre para poder registar os momentos de inspiração.

 

A areia do areal é em alguns sítios, muito grossa, chega a incomodar e magoar os pés enquanto se caminha sobre ela, ainda assim, é uma praia muito limpa, de fácil acesso e galardoada com bandeira azul. Em Junho a praia não está muito cheia, existe uma distância razoável entre os grupos de pessoas, mesmo que os grupos sejam só de uma pessoa.

 

Por vezes, as abas do chapéu-de-sol de Maria abanam, provocando um som característico de abas a abanar, o vestido de algodão às riscas que está pendurado nas varetas do chapéu, que tem uma fita que aperta na cintura e uns berloques nas pontas, quando estas batem no pau do chapéu, fazem tlim tlim.

 

O livro que acompanha Maria, jaz quieto dentro do saco, nem o tirou de lá, o livro é grande e pesado, não é próprio para levar para a praia, mas levou-o na mesma, falta pouco para chegar ao fim, vai esperar pela a noite. Decididamente para Maria é escusado levar livros para a praia, alguma revista sim, livros não!

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O areal em certos sitios são pedrinhas "Zen", é quase difícil caminhar sobre elas

 

Uma Casa Cheia de Livros

Maria, 23.04.16

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 Um pequeno resumo de um capitulo do livro "Abraço" de José Luis Peixoto. uma-casa-cheia-de-livros

"Os livros, esses animais sem pernas, mas com olhar, observam-nos mansos desde as prateleiras. Nós esquecemo-nos deles, habituamo-nos ao seu silêncio, mas eles não se esquecem de nós, não fazem uma pausa mínima na sua vigia, sentinelas até daquilo que não se vê. Desde as estantes ou pousados sem ordem sobre a mesa, os livros conseguem distinguir o que somos sem qualquer expressão porque eles sabem, eles existem sobretudo nesse nível transparente, nessa dimensão sussurrada. Os livros sabem mais do que nós mas, sem defesa, estão à nossa mercê. Podemos atirá-los à parede, podemos atirá-los ao ar, folhas a restolhar, ar, ar, e vê-los cair, duros e sérios, no chão.

 

(...) Os livros, esses animais opacos por fora, essas donzelas. Os livros caem do céu, fazem grandes linhas rectas e, ao atingir o chão, explodem em silêncio. Tudo neles é absoluto, até as contradições em que tropeçam. E estão lá, aqui, a olhar-nos de todos os lados, a hipnotizar-nos por telepatia. Devemos-lhes tanto, até a loucura, até os pesadelos, até a esperança em todas as suas formas.

 

José Luís Peixoto, in 'Abraço' 

 

 

Livros são janelas

Maria, 11.06.15

"Vi um livro no lixo e arrepiei-me pensando que há livros que nascem mortos.

Pode-se viver sem ler ?

Quem não lê não entra no rio da história e quem lê é como o mar onde desaguam muitos rios.

Comprar um livro é sempre como a primeira vez,

como quem marca um encontro para receber uma confidência.

Uma casa sem livros está desabitada, é uma pensão...

Os livros são janelas.

Hoje vou abrir uma delas"

(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in "Não Há Soluções, Há Caminhos"

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Os Desafios da Abelha

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