Conto#O sonho de Ofélia
Aquela rapariga de olhos claros, quase verdes, era meio estouvada, tinha sonhos muito altos, inatingíveis. De estatura esbelta, pele clara e cabelos castanhos claro a puxar para o louro, vestia à moda e sabia que dava nas vistas, mas na cabeça não tinha nada.
Sonhava de olhos abertos, perdida nos seus devaneios, sentava-se nos bancos daquele jardim e imaginava-se uma princesa, outras vezes uma rainha.
Tinha visto à alguns anos a série na televisão "Madre Paula" a amante de D. João V, aquilo não lhe saía da cabeça e viu-se a si mesma ser a princesa vinda de Áustria que casou com o rei, imaginou-se uma princesa que vestia aqueles vestidos com armação para tornar as ancas arredondadas, confeccionados com as melhores sedas e brocados e adornados com pérolas e lantejoulas e na cabeça usava toucados tanto na moda naquela época.
No seu sonho de olhos abertos ou devaneio passeava nos jardins do palácio ao lado do príncipe João, um homem alto e bonito de boas falas, que lhe sussurrava palavras de amor e a beijava como ninguém, apreciavam as variadas espécies de flores de cores vivas e alegres, que compunham os canteiros, vindas dos lugares mais exóticos; passaram pelas bicas e fontes que abundavam no jardim, construídas em pedra mármore, e por uma horta com canteiros de plantas medicinais e ervas aromáticas de todas as qualidades que os frades utilizavam para criar os seus medicamentos e temperar as comidas. No meio do jardim estava um grande lago também construído da mesma pedra das fontes, com um repuxo de água ao centro, que se elevava a alguns metros de altura, conferindo-lhe assim uma beleza especial e um ponto atractivo para quem por ali passeia. Também no lago nadavam peixes de várias espécies, nenúfares com belas cores embelezavam toda a superfície da água. Uma nora gigante oferecia ao jardim uma beleza extraordinária assim como os viveiros de pássaros de belas espécies e cores .
Quando se afastavam dos canteiros das flores, lagos e hortas, entravam no labirinto do bosque, caminhos entre-cruzados de terra batida ladeados de grandes árvores belas e frondosas serpenteavam por todo o bosque, desembocando todos em cruzamentos onde sempre estava colocada uma estátua esculpida em pedra mármore. Estas estátuas servem para dar orientação aos passeantes. Por todo o bosque estão colocados bancos de madeira e os enamorados do sonho de Ofélia aqui e ali se sentavam e namoravam.
Olá Ofélia, por aqui! alguém reparou nela.
Meio atrapalhada, porque naquele momento Ofélia estava noutro mundo, o mundo do sonho e da fantasia, Ofélia gaguejou ao responder, como se naquele exacto momento tivesse acordado de um longo sono.
Oh, oh, olá, estás bem?
- Que fazes por aqui? passeias claro! aqui ou se passeia ou se namora!
- Sim, mas olha como não tenho namorada, e vejo que também estás sozinha, não queres por acaso dar um passeio por aqui comigo?
- sim , claro, vamos.
Ofélia levantou-se, agora já bem acordada dos seus devaneios, e foram caminhando e comentando como agradável, bonito e mágico era aquele espaço. O resto da tarde passou-a na companhia daquele antigo colega de escola!
A quem possa interessar este lindo jardim aqui descrito!
É o Jardim do Cerco, fronteiriço ao Palácio Nacional de Mafra!
Texto no âmbito do desafio "Sonhamos ir por aí"
Neste desafio participo eu, a Oh da guarda peixe frito, a Concha, a A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa, o José da Xâ, a Rute Justino, a Ana D. Cristina Aveiro , a Célia, a Charneca Em Flor, a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, e a bii yue e quem mais quiser.