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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Pulsar de vida

Maria, 15.06.22

Nesta primavera com temperaturas de verão, e quando o inverno não nos visitou, não é de admirar que os lagos, charcas e barragens estejam muito aquém da sua capacidade, dói, olhar e ver toda aquela superfície descoberta que devia estar coberta de água, dói quando se caminha pela serra e não se encontra um fio de água corrente, dói sentir o clamor da terra, dói sentir o apelo estridente dos ribeiros, dói sentir a falta da frescura natural da serra.

Ainda assim no meio de tanta dor, ainda que o pó se espalhe no ar, ainda que as pedras do caminho se soltem da terra, ainda que os galhos nos piquem as pernas, ainda que os sapatos escorreguem nos grãos de terra seca, ainda que o sol nos queime a pele... ainda assim, nós, os caminhantes, os ciclistas e aqueles que vão nas motas, ainda assim a serra pulsa de vida.

E neste pulsar de vida existem pequenos milagres se assim o quisermos chamar, ou "horas de sorte" como outros lhe chamarão. O caminho é uma descida incrível cheia de socalcos e pedras e no meio do nada, algo toca, um som de telefone vindo do chão desperta a atenção dos caminhantes.... que é isto??? todos os olhares se viram para o sitio de onde vinha o som e ali caído no meio das ervas estava ele. Alguém pega e atende a chamada, do outro lado alguém atende... era o proprietário do mesmo que na sua busca   ia ligando para ver se o ouvia tocar. Chamaremos a isto "Hora de sorte" "pequeno milagre"!!!! ou apenas uma boa coincidência o facto de este pequeno grupo de caminhantes estar a passar ali precisamente na hora que o telefone tocou, porque se não tocasse ninguém daria pelo aparelho uma vez que ele estava meio escondido nas ervas. Há coisas que nos fazem pensar que nada acontece por um simples acaso!

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O dia era de nevoeiro

Maria, 09.03.16

O dia era de nevoeiro, não se via um palmo à frente do nariz. Também estava frio. Enrolada numa manta, assistindo a um daqueles programas que passava na televisão tipo " Júlia Pinheiro ou Cristina Ferreira", enchera uma chávena de chá que lentamente fumegava em cima da mesa, obervava sem ver aqueles anéis de vapor que se desfaziam no ar, o seu olhar distante detinha-se na televisão, mas na verdade nem via o que passava, ouvia falar, nem sabia o que diziam... a manta aquecia-lhe as pernas, o pensamento divagava, estava a muitos quilómetros dali, dir-se-ia que flutuava numa outra dimensão, num outro mundo.

 

O pensamento levara-a para aquele dia frio de Inverno, aquele dia que levara tanto tempo a chegar de tanta ansiedade que o antecedeu, vestira-se toda de branco, cobrira as mãos com umas luvas também brancas, na cabeça usara uma tiara, um taxi a transportou até à porta da igreja onde os convidados a esperavam. Chegara primeiro que o noivo, não era suposto ser assim, o noivo atrasara-se. Finalmente ele chegou. Estava nervosa como qualquer noiva, mas tranquila, tinha a certeza absoluta que viria. Ele de braço dado com a madrinha ela de braço dado com o padrinho, entraram na igreja, dirigindo-se ao altar onde o padre os esperava, iriam dizer o "sim" um ao outro. 

 

Casara naquele dia frio e chuvoso de Inverno " casamento molhado, casamento abençoado" assim diz o ditado popular. O dia foi de festa, o dia foi inesquecível. Cantou-se à desgarrada, bebera-se uns copos a mais.

Uma vida a dois começara, era o principio do resto das suas vidas, até que a morte os separe, como prometeram no altar. Esperavam envelhecer juntos.

 

A morte chegou cedo demais...

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As estações da nossa vida

Maria, 30.09.15

O fim do verão era já anunciado com  a temperatura a descer, e o tamanho dos dias a decrescer. Aí estão os sinais de que o outono se instala e com ele o amarelecimento, depois a cor vermelho acastanhado das folhas e a sua consequente queda. Tudo vai ficar com folhas meio secas no chão, elas vão rolar com o sopro do vento, são transportadas para outros sítios, as árvores vão ficar despidas, despojadas de toda a magestosa folhagem que as embelezou nas anteriores estações, apenas vai restar um esqueleto escuro, sem graça e sem utilidade até à proxima primavera. A natureza humana é quase assim, apenas as suas estações duram um pouco mais, mas, à medida que a idade avança, a sensação que fica é de que se viveu somente uma vez as quatro estações.

As estações da nossa vida:

Primavera, nascemos, crescemos bonitos e saudáveis, a transbordar de energia, tornamo-nos em homens e mulheres fortes com idéias e projetos de poder mudar o mundo.

O verão da nossa vida, queremos ter o nosso espaço, fundar a nossa familia, obter êxito profissional, adquirir estabilidade familiar e económica.

No outono, queremos beneficiar do produto de toda uma vida de trabalho, queremos fazer aquelas viajens que não tivemos oportunidade de fazer, queremos ler aqueles livros que se foi sempre adiando, queremos nos dedicar a artes para as quais temos aptidão e nunca tivemos tempo para explorar, queremos nos dedicar mais à familia, mesmo que a nossa familia já tenha a familia deles. Mas o outono da nossa vida muitas vezes reserva-nos supresas desagradáveis e não nos deixa tempo, forças e disposição para estas coisas.

O inverno da nossa vida não teria que ser triste, mas infelismente, para a maioria das pessoas é uma estação muito, mesmo muito triste, cheia de sofrimento fisico, espiritual e emocional.

Na próxima estação a vida se renova e tudo começa de novo! 

Inverno

Maria, 20.01.13

Por detrás da vidraça, vai tecendo malha atrás de malha como se de um rosário se tratasse, com o objetivo de confecionar um xaile para se aquecer neste tempo de inverno. Lá fora formou-se um denso nevoeiro e não deixa a vista alcançar mais do que o espaço até á cerca, a chuva não para de cair, o frio não desaparece. Na lareira da sala crepitam as chamas que transmitem uma reconfortante sensação de calor e bem estar. A noite está a cair, muito cedo é verdade, mas vai ser assim ainda durante o resto do Janeiro e também Fevereiro. Lá diz o ditado " janeiro fora conta uma hora, se bem contar hora e meia há-de achar". O inverno é por si só uma estação desconfortante, longa e fria, conforta-nos a idéia de vestir camisolas quentes e de toque macio, bonitos casacos e boas botas, sentarmo-nos em frente a uma lareira e deitarmo-nos numa cama quente  e dar graças a Deus por tudo isto, ter. Não podemos, porém, de deixar de pensar em quem nada tem, nem um teto sequer. Se todos fizermos um pouco que seja para tornar a vida destas pessoas menos agreste, o pouco de muitos será uma imensa generosidade.

Os Desafios da Abelha

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