Revolução dos cravos
Ouvem-se foguetes, o dia é de festa e de alegria, António chegou! Finalmente António chegou, após dois anos de serviço militar cumprido em Angola. Em 1973 Manuela era uma adolescente, trabalhava numa multinacional alemã, usava uma bata branca como farda, tecia peças para eletrodomésticos. António cumpria o serviço militar obrigatório, trocavam cartas, muitas cartas que Manuela guarda até hoje e nelas faziam juras de amor, planevam o futuro, ela ia dando noticias da sua aldeia, e esperava o seu regresso com muita ansiedade. Manuela temia que ele não regressasse vivo, António temia que Manuela não esperasse por ele, viviam separados e angustiados. Manuela ouvia na rádio e via na televisão do café, na altura do natal as mensagens de boas festas das tropas. A guerra no Ultramar ensombrava o pensamento das namoradas, mulheres e de todas as familias dos rapazes que estavam na tropa e também todas aquelas que tinham filhos rapazes. Quatro anos de tropa era muito tempo roubado aos rapazes/ homens deste país. Muitos não voltaram mais, outros voltaram mutiliados, outros voltaram muito afetados pesicológicamente e nunca conseguiram recuperar. Era um tormento.
No dia 25 de Abril de 1974 acontece algo diferente, a rádio começa a tocar (Grândola vila morena) música de Zeca Afonso e (Depois do adeus) de Paulo de Carvalho, foram as senhas escolhidas para dar inicio à revolução que viria a deitar a baixo o regime ditador do presidente Dr. Oliveira Zalazar e implantar o regime democratico que vigora até hoje. Tudo se alterou naquele dia cinzento de Abril....em Lisboa vivia-se a revolução, foram distribuídos cravos vermelhos aos soldados!
A independencia às colonias africanas foi uma realidade e os militares puderam finalmente respirar de alivio sem a sombra da guerra do ultramar.
António regressou e foi dia de festa... Manuela e António casaram e construiram o seu futuro, mas António jamais consegue esquecer aquele tempo passado em Angola...
"O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi Celeste Caeiro, que trabalhava num restaurante na Rua Braancamp de Lisboa, que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas. Por isso se chama ao 25 de Abril de 74 a "Revolução dos Cravos".