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Abrigo das letras

Abrigo das letras

Vila Velha de Ródão

Registo fotográfico de um belíssimo passeio a Vila Velha de Ródão, oportunidade para visitar um antigo lagar de azeite e ouvir ao pormenor como era o seu funcionamento. Como homens e animais bastante robustos eram necessários para fazer mover mós e prensas de forma a esmagar e espremer a azeitona. 

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Oportunidade também para apreciar as bonitas paisagens da zona, desfrutar de um pequeno cruzeiro no rio Tejo e passar pelas Portas de Ródão!

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Pulsar de vida

Nesta primavera com temperaturas de verão, e quando o inverno não nos visitou, não é de admirar que os lagos, charcas e barragens estejam muito aquém da sua capacidade, dói, olhar e ver toda aquela superfície descoberta que devia estar coberta de água, dói quando se caminha pela serra e não se encontra um fio de água corrente, dói sentir o clamor da terra, dói sentir o apelo estridente dos ribeiros, dói sentir a falta da frescura natural da serra.

Ainda assim no meio de tanta dor, ainda que o pó se espalhe no ar, ainda que as pedras do caminho se soltem da terra, ainda que os galhos nos piquem as pernas, ainda que os sapatos escorreguem nos grãos de terra seca, ainda que o sol nos queime a pele... ainda assim, nós, os caminhantes, os ciclistas e aqueles que vão nas motas, ainda assim a serra pulsa de vida.

E neste pulsar de vida existem pequenos milagres se assim o quisermos chamar, ou "horas de sorte" como outros lhe chamarão. O caminho é uma descida incrível cheia de socalcos e pedras e no meio do nada, algo toca, um som de telefone vindo do chão desperta a atenção dos caminhantes.... que é isto??? todos os olhares se viram para o sitio de onde vinha o som e ali caído no meio das ervas estava ele. Alguém pega e atende a chamada, do outro lado alguém atende... era o proprietário do mesmo que na sua busca   ia ligando para ver se o ouvia tocar. Chamaremos a isto "Hora de sorte" "pequeno milagre"!!!! ou apenas uma boa coincidência o facto de este pequeno grupo de caminhantes estar a passar ali precisamente na hora que o telefone tocou, porque se não tocasse ninguém daria pelo aparelho uma vez que ele estava meio escondido nas ervas. Há coisas que nos fazem pensar que nada acontece por um simples acaso!

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Divagando

Hoje eu quero escrever uma crónica ou uma espécie de crónica, vamos lá, um texto sobre qualquer coisa, ocorre-me esta ideia porque neste preciso momento apetece-me simplesmente escrever, mesmo ainda sem ter um tema, mas escrever por vezes é uma forma de fugir ou um aproximar de algo que dá gozo/ interesse, fazer. Há momentos em que nada apetece fazer, momentos mortos em que é preciso levantar a cabeça e dar cor à vida. Escrever ajuda a preencher essa lacuna, ocupa a mente e os dedos, pode-se escrever sobre tantas coisas, sobre qualquer coisa, basta deixar fluir a imaginação e colocar os dedos ao seu serviço. Parece tão simples..... mas não é.

Não somos simples coisas mortas que se aplanam sobre um chão seco e assim ficam a definhar até desaparecer. Não, não somos coisas mortas, temos uma vida, e temos uma missão, se temos saúde, temos a melhor dádiva do mundo, todos os dias são dias para agradecer esse tesouro que nos foi oferecido, não há maior que esse, a saúde é a base para tudo o resto, e o resto é tudo, é uma vida inteira que nos é proporcionada para sermos felizes e fazermos os outros felizes. É a única oportunidade que cada ser tem para contribuir de uma forma digna para a evolução da vida humana e de um planeta sustentável. De que vale teres uma vida aparentemente linda se não a colocas ao serviço dos outros se não aprecias o que de mais sagrado existe na frente dos teus olhos, a natureza. É preciso parar, escutar e sentir o grande poder da natureza, os seus sons, cheiros e apelos. Quando te consegues fundir nela, na natureza, e sentires que são apenas um nem que seja por breves momentos, descobres uma sensação tão maravilhosa que nem sabes descrever e percebes que a Vida é um Dom muito mais precioso a que nem sempre sabemos dar o devido valor. A isso eu chamo vida em uníssono. Custa-nos compreender como pode a maldade e crueldade dos homens que nasceram em tudo igual aos outros homens num mundo que deveria ser igual para todos, desperdiçar e maltratar tão deliberadamente com  atitudes e ações os seus irmãos e os seus ambientes!!

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Dia da Criança

Quando a rua era o maior parque natural infantil, com baloiços improvisados nos pinheiros perto de casa, jogos desenhados no chão de terra, como por exemplo um caracol que, saltando ao pé cochinho se fazia deslizar um caco  em todas as suas voltas; pequenas covas escavadas na terra para jogar ao berlinde, estes eram preciosidades coloridas que deslizavam entre os dedos, empurrados para bater nos outros, os joelhos esfolados não eram problema para ninguém, e o pião impulsionado por um fino cordão redopiava em círculos avassaladores num frenesim desenfreado; a cabra-cega ou o lencinho que vai na mão, as escondidas, o jogo do mata ou a rabia, tantas eram as brincadeiras que um dia não chegava para satisfazer a imensa vontade de brincar, no campo a rua era o nosso lar. As crianças eram tão felizes com tão pouco, bastando-se umas às outras para extravasar uma felicidade que ultrapassava toda uma tecnologia ainda nem sonhada num futuro que surgiu depressa demais.

O dia da criança eram todos os dias, que me lembre não havia um dia especial para elas. Faço uma pergunta a mim mesma, será que com tanta tecnologia, tantos jogos nas caixas, tanto parque infantil, tanta comida processada, tanta roupa de marca, tanto transporte, tanta festa de anos, etc... etc... as crianças são mais felizes que outrora quando nada disto existia? quando se recorria à imaginação para construir os próprios brinquedos, quando com qualquer coisa se fazia um carrinho ou uma boneca?

Mas a vida é uma evolução constante, faz parte, sempre foi assim, e eu lembro a minha época e a comparo com a actual época, por isso tenho as minhas dúvidas, pressinto que o tipo de felicidade, liberdade e criatividade, mesmo com muito menos meios era superior e mais genuína que hoje principalmente para quem vivia nos meios rurais.

As crianças merecem tudo de bom e isso implica também responsabilidades, negas quando necessário, elogios quando merecidos, acompanhamento e também espaço para autonomia e liberdade.

 Feliz dia da criança para as crianças de todo o mundo especialmente para aquelas que estão a sofrer nos países onde a guerra é uma constante ou nas famílias mal formadas, conflituosas e agressivas!!

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Desafio de escrita do triptofano#Fórmulas#7

 

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Enquanto mergulho as mãos na água quente e lavo os pratos do jantar, ao mesmo tempo que ouço aquela pinga teimosa que cai naquele sitio sempre que chove, e o vento que fustiga lá fora abanando os ramos das árvores, vou pensando no que raio vou eu escrever sobre a proposta desta semana para o "desafio de escrita do triptofano" que apresenta uma carta cujo código é difícil de decifrar.

Vejo ali umas prateleiras repletas de frascos e garrafas, também uma moldura que encaixa uma fotografia de uma criança, talvez o filho do homem que se debruça sobre as combinações dos líquidos de forma a encontrar a fórmula perfeita do medicamento que lhe foi proposto realizar.

Imagino um local pequeno, escuro e frio, o sitio a que ele chama laboratório onde  trabalha à luz da vela entre produtos quentes e frios, gasosos e não gasosos, uns químicos, outros adquiridos  através de plantas, no caderno vai anotando todos os pormenores conseguidos e falhados para perceber onde pode melhorar ou o que tem de eliminar definitivamente. Aquele cérebro não pára. A ciência não pode parar.

A certa altura a mesma criança da fotografia aparece sorrateiramente à porta e diz:

- Pai, a mãe diz que são horas de parares, que são horas do jantar

- Sim, responde sem levantar os olhos do que estava a fazer, diz à mãe que vou mais tarde.

A criança sai pela mesma porta por onde entrou e ele não mais se lembrou que precisava de comer.

Tudo está devidamente rotulado e a foto da criança também se encontra em cima da mesa para lhe dar mais incentivo e coragem para continuar nas suas experiências.

A noite já vai alta, ele também se esquece que precisa de descansar, o seu metabolismo desregulado não o avisa dessas coisas tão próprias de qualquer ser humano e quando chega a manhã, o jantar ainda está em cima da mesa à sua espera e o seu lado da cama ainda está frio.

Esta foi mais uma noite que não foi à cama, a fórmula certa está difícil de encontrar, e ele é daquelas pessoas que não sossega, não dorme e não come enquanto não consegue obter o seu objectivo. 

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

Participam também:

Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa