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Abrigo das letras

Abrigo das letras

Desafio de Escrita do Triptofano#10#Bolas de sabão

Pelas verdes montanhas eu vou, eu vou,

no meu passo ágil, feliz caminho,

pisando o orvalho fresco e viçoso,

eu vou de mansinho.

A meu lado o sol já espreita,

radioso na sua luz colorida,

a noite já se deita

cansada e  esbatida, 

Anda sol, não te acanhes

vem aquecer a minha mão,

vem secar o orvalho

vem fazer brilhar

as minha bolas de sabão.

Os meus amigos me esperam

sabem que vou de longe,

sabem que não me demoro,

que saí de madrugada

sabem que as bolas de sabão

me acompanham nesta jornada.

Todos os anos é assim,

 no dia da festa dos primos

me levanto antes do sol

palmilho léguas com destino.

Canto, rio e assobio 

acompanho a sinfonia das aves,

 aspiro o perfume das flores,

sinto a liberdade nos ares!

bolas dec sabaõ.jpg

 

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

Participam também:

Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa

Desafio de Escrita do Triptofano#6#comboio

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levara semanas a decorar as falas que ia desempenhar naquela peça de teatro que a escola estava a organizar, dedicara-se a isso de corpo e alma, todos os dias no seu quarto reservava um tempo generoso para decorar e ensaiar . Também já aplicara toda aquela maquilhagem branca no rosto e vestira o fato branco que estava pendurado num cabide à espera para ver como seria o seu aspecto no palco. Estava preparado para representar e dar alegria aos espectadores.

Ansiava por aquele dia, queria mostrar os dotes de actor e estava feliz.

Já vinha a ouvir a algum tempo rumores sobre uma possível guerra mas sempre pensara que não passaria de suposições e que os governantes jamais iniciariam uma guerra.

Não imaginava porém, que, precisamente no dia que estava marcado para a estreia, começariam a cair bombas na sua cidade e em vez de vestir aquela roupa branca destinada à sua personagem, a mãe lhe disse que vestisse uma roupa normal mas quente, preparasse um bom agasalho, metesse algumas peças de roupa e os seus produtos de higiene numa mochila porque tinham que deixar a cidade o mais rápido possível.

Tudo lhe caiu.... olhou o fato branco uma mais vez, o fato que iria ficar ali pendurado e que já não o iria voltar a ver, uma tristeza sem fim lhe inundou o rosto, as lágrimas saltaram sem aviso, despediu-se do pai, despediu-se da casa e dando a mão à mãe caminhou até à estação do comboio!

O palco, o teatro, o fato e as falas que tinha decorado com tanto empenho eram agora uma sonho que não se realizaria. 

Entrou no comboio e sem aviso entrou também num teatro que não tinha sonhado e que não era o dele, onde as falas não eram as que tinha decorado, aquele era um teatro real para o qual não estava preparado, onde ele era actor e espectador em simultâneo! Era o teatro em que o guião não tinha um final definido. Muitos finais poderiam acontecer.

Estava muito triste, sabia que ao entrar naquele comboio a sua vida iria mudar para sempre, estava a partir para uma incerteza tão grande que não lhe cabia no coração!

Era o inicio da invasão da Rússia contra a Ucrânia.

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

Participam também:

Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa

 

Desafio de escrita do Triptofano #4#Manobras axadrezadas

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Tinha sido apanhada na sua própria teia por um lance diabólico daquele bispo que se fazia passar por sendo um homem de Deus. Tinham-na encurralado numa torre com as duas aias que lhe tinham sido permitido acompanhá-la. No frio e na escuridão daquela torre levava horas a imaginar uma jogada que derrubasse os cavaleiros do Rei.

Eles eram inteligentes e guiavam os seus cavalos com perícia, saltavam por cima de tudo e todos. Confinada  áquela torre e tendo as duas aias sempre alerta, não tinha como sair dali, entretanto os homens de Deus assim como os cavaleiros do rei iam derrubando o povo, os seus aliados com a sua rainha confinada tinham pouca força , embora se esforçassem ao máximo para a libertar, sempre que o faziam perdiam alguém importante, o cerco era cada vez maior.

Ela era rainha, tinha poder e astúcia, tinha que sair dali de qualquer jeito, se o pensou melhor o fez, numa jogada muito arriscada, sacrificando uma aia, saiu. 

Mais feroz que nunca, reuniu o povo e os poucos cavaleiros que lhe restava, em segredo delinearam uma estratégia, antevendo as possíveis manobras dos seus adversários agiram com inteligência, eram poucos mas eram bons. Iniciaram um ataque não descurando a defesa. Um após outro os adversários foram caindo e o cerco foi se apertando em redor do rei, até aqueles bispos, falsos homens de Deus caíram na armadilha arquitectada pela astuta rainha, e não havia mais escapatória para o rei. Aconteceu aquilo que estava escrito que aconteceria.

Xeque mate, o reinado caiu!

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

Participam também:

Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa

 

 

25 de Abril 1974

Aquele dia de Abril começou para ti igual a tantos outros, uma temperatura amena própria da época, um autocarro que te apanhou para te levar para a fábrica multinacional alemã na qual trabalhavas, as colegas, a mesma rotina... porém, quando chegaste à fábrica algo estava diferente, havia no ar uma tensão desconhecida.... os chefes informam todo o pessoal que naquele dia não se trabalha, que podem ir para casa da forma que conseguirem porque estava a acontecer uma revolução em Lisboa.

Uma revolução em Lisboa.... o que significava isto? Algo novo para ti... informação pouca... começas a ouvir umas coisas aqui, outras ali e dás-te conta do que realmente está a acontecer, a rádio toca as músicas revolucionárias de Paulo de Carvalho "E depois do Adeus" e "Grândola Vila morena" de Zeca Afonso".

O teu namorado está na tropa em Lisboa, temes por ele, não sabes o que vai acontecer mas, uma coisa ficas a saber nas muitas conversas que ouves... esta revolução trás o fim da ida dos militares para as colónias ultramarinas, um alívio para tantas famílias. Milhares de soldados morrem nesta guerra e outros tantos ficam mutilados, todos ficam afectados psicologicamente... o país vai andar à deriva por uns tempos.

Aos poucos a situação do país vai se recompondo, a liberdade conquistada começa a produzir os seus efeitos.

A liberdade que temos hoje a devemos aos capitães de Abril que ousaram levar a cabo uma revolução contra o regime sob o qual o país estava submetido há quarenta anos. Nunca é demais louvar este Movimento Militar que nos trouxe a liberdade de expressão, de movimentos, de voto... mas,  devemos também pensar que nem sempre foi assim!

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cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Segundo se conta, foi Celeste Caeiro, que trabalhava num restaurante na Rua Braancamp de Lisboa, que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os ofereceram aos soldados. Estes colocaram-nos nos canos das espingardas. Por isso, chama-se ao 25 de abril de 1974 a "Revolução dos Cravos"

 

Dia Mundial do Livro

As tuas páginas transportam-me para os lugares mais incríveis que alguma vez sonhei visitar, encontro-me no meio de lugares cheios de história, dás-me a conhecer épocas que me fazem perceber o porquê de aqui ter chegado, as alegrias e sofrimentos que outros viveram para que hoje eu seja quem sou. Percorro as tuas páginas, uma após outra envolta em paisagens, lugares e épocas e, enquanto te tenho nas minhas mãos esqueço o tempo e o espaço em que vivo, sou uma personagem dentro das tuas personagens, dentro do teu tempo.

Nunca me faltas nas minhas horas de insónia, nem nos momentos que mais nada me apetece fazer, és aquele amigo que consola nas horas mortas e me faz esquecer momentos menos bons em cada dia, és aquele amigo que me acompanha sempre. Estás sempre na minha mesa de cabeceira, na mesa da sala, ou mesmo na cozinha, também me acompanhas nas férias e em filas de espera.

Há poucos dias vi algo que há muito não via, uma pessoa ia caminhando e não despegava os olhos de ti, nem quando lhe dei os bons dias, ia completamente absorto na tua leitura. Na vida actual o que normalmente vemos são pessoas que não tiram os olhos do telemóvel mas, aquela pessoa não tirava os olhos do livro que ia lendo. Lembro-me bem dos tempos em que as pessoas levavam livros para todo o lado, liam no autocarro, na praia, nas filas de espera, nos bancos do jardim.... já não se vê muito disso, o livro foi substituído pelo telemóvel.

Nada tem a ver a leitura de um livro em papel com a leitura num ecrã, o folhear de um livro, a história lida num livro é algo insubstituível.

Ler é nunca estar, sozinho, é viajar pelo mundo sem sair do lugar, é enriquecer vocabulário, é sorrir, é sofrer, é entrar na história.

Hoje celebra-se o dia mundial do livro, vamos criar hábitos de leitura, mesmo quem não aprecia muito, nunca é tarde para procurar um bom livro que faça o seu género, comece-se por um livro pequeno que consiga ler do principio ao fim e pode acontecer que quando chegar ao fim tenha pena que o mesmo tenha terminado!

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