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Abrigo das letras

Abrigo das letras

Desafio Caixa de lápis de cor#13# Roupa branca

Na sequência de textos escritos baseados nas cores com o titulo " caixa de lápis de cor" esta semana é-nos sugerido que deitemos para o papel o que nos faz lembrar a cor "branco" assim que ela nos assola à cabeça. Esta é a última cor ou "ausência de cor" deste desafio que começou há cerca de doze semanas. Décima terceira e última do desafio.

O que me faz lembrar o tão puro branco: Lenços brancos a acenar aquando a passagem da Imagem de Nossa Senhora de Fátima; Pombas brancas e rosas brancas símbolos de Paz e Pureza; Noite branca passada num cruzeiro nas ilhas gregas, quando todos os passageiros e tripulantes se vestem de branco; casario em certas zonas do país; neve, geada, algodão, nuvens brancas e, entre outras coisas aquela que me inspira hoje é:

Roupa branca a corar ao sol

Às segundas feiras era dia de lavar a roupa da semana anterior, toda a roupa da casa e de toda a família, as roupas das camas da mesa e de vestir. Trouxas e alguidares repletos de roupa suja eram carregados à cabeça até ao rio do povo, um grande tanque sempre com agua a correr lá para dentro por um lado e a sair por outro, com pedras lisas inclinadas para o interior do mesmo a toda a volta do tanque. Estas pedras serviam para as mulheres molharem e esfregarem as roupas com sabão azul e branco para as roupas escuras e sabão clarim para as roupas brancas. Molham, ensaboam, esfregam uma e outra vez até que não reste nenhuma sujidade na roupa, (um trabalho duro que deixava as mãos terrivelmente desidratadas, os pulsos abertos e as costas completamente derreadas) as famílias eram numerosas e as roupas muito sujas, eram roupas de trabalho no campo e nas olarias e, até a roupa das crianças era muito suja, as crianças brincavam na rua o tempo todo em que não estavam na escola.

Às roupas brancas nomeadamente as roupas interiores de vestir e os lençóis da cama era dado um tratamento especial, pois queriam-se roupas brancas, muito brancas, então, depois de toda a sujidade tirada, voltava-se a ensaboar a roupa e estendia-se em cima das ervas ou em algum sitio que desse jeito a corar ao sol ou seja a branquear. Havia quem já usasse lixívia, um método mais rápido e mais moderno para branquear mas, a minha memória da roupa a corar ao sol é bem mais interessante do que a lixívia.

Depois de todo o processo da lavagem era hora de carregar todas as peças dentro do alguidares até ao quintal da casa onde várias cordas amarradas a paus, eram os estendais, aí se penduram as roupas para secar. A aldeia à segunda feira era uma autentica aldeia de roupa a secar ao sol em todos os quintais. Os lençóis das camas eram sempre brancos, seja por isso ou não, o facto é que aqui a menina só gosta de lençóis brancos na sua cama, aprecia especialmente aqueles lençóis bordados de forma artesanal tipo bordado da madeira. No verão não há material mais fresco numa cama do que o lençol branco de algodão.

Os rios do povo, para além de serem um local de trabalho eram também um local de muito convívio e bisbilhotice, ali se sabia quem casou, quem morreu, quem comprou ou quem vendeu o quê,  quem casou, quem emigrou, quem anda com quem e por aí fora.... ali se sabia tudo, era o jornal do dia.

De tempos a tempos era preciso lavar o tanque/rio, um grupo de raparigas organizavam-se e tratavam de o despejar, depois com vassouras esfregavam as paredes e o chão de tanque, lavavam tudo bem lavado e voltavam a a encher, era uma manhã ou uma tarde de paródia. Às vezes calhava encontrarem algumas moedas no fundo do rio, dinheiro que ficara esquecido nos bolsos das roupas a serem lavadas, ninguém o podia reclamar e elas dividiam em valores iguais e era mais um dinheirinho que tinham para gastos.

Quem ler isto pensará que a menina está a relatar uma época da pré história, pois é mesmo essa a sensação que ela tem, dada a velocidade a que tudo evolui. Retroceder no tempo e colocar-se naquela época é quase como entrar numa história dos nossos antepassados tipo, nossos avós ou mesmo bisavós, mas não, este modo de vida não aconteceu assim há tantos anos, é apenas um passado recente. Felizmente um engenho maravilhoso foi conseguido e a vida das mulheres ganhou uma substancial qualidade de vida a partir daí, abençoadas máquinas de lavar!

Ainda não foi falado aqui sobre as roupinhas dos bebés, e nasciam muitos, as fraldinhas de pano que todos os dias tinham que ser lavadas, era ver os estendais cheios de fraldas brancas, muito brancas. As descartáveis ainda eram uma utopia!

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Neste desafio encontramo-nos todas as semanas eu a Marquesa a Concha, a A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã e o João-Afonso Machado  a Fátima Bento

 

 

Desafio Caixa de lápis de cor#12# Terra lavrada

Semana após semana, eis que chegamos ao número 12 do desafio "caixa lápis de cor". proposto pela Fátima Bento, finalizamos com a cor Castanho escuro

A terra gemia sob as lâminas afiadas da charrua, enquanto esta rasgava as suas entranhas sem dó nem piedade em profundos sulcos, deixando à vista o que permanecera oculto durante cerca de um ano. Tractor e tractorista completavam-se na arte de lavrar a terra, iam modificando atrás de si as cores e o relevo. Agora, o verde da superfície dera lugar ao castanho escuro da terra lavrada, dela exalava um odor agradável e fresco a terra remexida e húmida. O aspecto era de uma área de terra ondeada de cor castanho escuro, os pássaros felizes apressavam-se para esgravatar à procura das minhocas e outros bicharocos que eram o seu alimento.

Em poucas horas o que era uma extensão de verde passou a castanho escuro, iria ficar a enxugar durante uns dias, após isso, viria  a mesma equipa de tractor e tractorista mas com outra ferramenta, a frese, que iria alisar a terra e prepará-la para a sementeira.

Naquele ano iria ali ser semeado trigo, no ano anterior tinha sido milho, o agricultor ia alternando as sementeiras, não era produtivo semear sempre a mesma coisa no mesmo local. O espaço voltaria a ser verde, agora de um verde rejuvenescido em pouco tempo. É o ciclo da vida! Voltar a semear, tornar a nascer!

Ano após ano, durante a sua infância a menina via da varanda esta azáfama do tractor, tractorista e agricultor, depois ia acompanhado o crescimento das sementeiras até às colheitas, e tudo voltaria a ser igual no ano seguinte. 

Os anos passaram, a menina cresceu, continua a ver a mesma azáfama no campo mas o agricultor já não é o mesmo. O Deus que lhe deu a vida, já o devolveu à terra que ele tanto amou, que tanto trabalhou com as suas mãos calejadas, à terra que lhe deu tudo, que sustentou a sua família com trabalho árduo e duro, ao sol, ao frio e à chuva.

A terra e a família eram a paixão da sua vida!

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(Foto da minha autoria)

 Neste desafio encontramo-nos todas as semanas eu a Marquesa a Concha, a A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã e o João-Afonso Machado  a Fátima Bento

Desafio Caixa de lápis de cor#11# Estádio do Benfica

Semana após semana, eis que chegamos ao número 11 do desafio "caixa lápis de cor". proposto pela Fátima Bento.   Avançamos com o inconfundível Vermelho 

A bom ritmo as bancadas e o relvado iam-se enchendo de gente, na sua maioria, gente nova e muito nova, os fãs mais arraigados tentavam o ficar o mais possível na primeira linha junto ao palco, alguns já ali estavam há horas sentados na relva a marcar o seu lugar. Quando a mãe e a filha chegaram aos seus lugares nas bancadas que por sorte se situavam num zona privilegiada, ligeiramente perto do palco e com muito boa visibilidade a partir dali.

A filha um dia perguntou à mãe se ela gostava de umas músicas que pôs a tocar... a mãe respondeu -- claro que gosto, estou sempre a ouvi-las na rádio...

- vamos ver um concerto dele ao estádio da luz, mãe? 

A mãe nunca tinha ido ao Estádio dos encarnados, tinha curiosidade de o ver ao vivo, assim assentiu...

- sim vamos.

Naquela tarde de Domingo de Junho de 2019, mãe e filha rumaram a Lisboa, o dia estava soalheiro, muito quente até, iam vestidas com roupas primaveris, leves e frescas, estacionaram o carro num dos parques de Lisboa, perto do centro comercial Colombo e do Estádio do Benfica, dirigiram-se para o estádio, mas não iam ver os encarnados jogar, iam assistir a um grande espectáculo. A lotação tinha esgotado na noite anterior e também naquele dia, sessenta mil pessoas estavam prontas para  assistir.

A filha já tinha estado dentro do estádio, mas a mãe não, por isso, quando entrou algo se passou dentro dela, felicidade por estar ali e poder ver ao vivo aquele espaço que só conhecia da televisão, poder participar daquela grande "família" reunida para ouvir música, sentir e vibrar com a voz inconfundível de Ed Sheeran, sentir o espectáculo que é uma multidão em uníssono aplaudir um grande artista, estender o olhar e ver um estádio completamente repleto nas bancadas e relvado, tudo com uma organização exemplar.

Na hora exacta entrou em palco o primeiro dos três artistas que antecedeu o artista principal, Ben Kweler, seguido por Zara Larsson e James Bay e finalmente Ed Sheeran. Os aplausos não se fizeram esperar e um e um estádio inteiro vibrou com a entrada do artista.

Durante o espectáculo, elas e a multidão cantaram com ele, aplaudiram com entusiasmo e comeram gelados. Na última música e já era noite a maioria dos presentes acendeu a lanterna do telemóvel e o espectáculo que se gerou foi indescritível, emoções ao rubro.

A música, a envolvência, a multidão, o vermelho do estádio, as cores das roupas das pessoas, uma panóplia de conjugações fizeram deste dia um dia único. Mãe e filha tinham neste momento a mesma idade!!

Neste desafio encontramo-nos todas as semanas eu a Marquesa a Concha, a A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã e o João-Afonso Machado  a Fátima Bento

Desafio Caixa de lápis de cor#10# vestido Verde claro

Semana após semana, eis que chegamos ao número 10 do desafio "caixa lápis de cor". proposto pela Fátima Bento, hoje temos a cor Verde claro

A moça adorava aquele vestido sem mangas, fresco e esvoaçante, assim que os seus olhos pousaram nele, soube logo que era aquele que queria. Comprou-o,  vestiu-o, mirou-se no espelho e resplandeceu com a sua imagem, aquela cor verde claro ou verde água contrastava com a sua pele morena e o seu cabelo de tons castanho acobreados.

Naquele dia saiu com aquele vestido para ir a uma festa  de casamento de uma amiga. Tinha calçado uns sapatos de salto alto a condizer com o vestido e com a bolsa, os cabelos estavam penteados de uma forma artística e usava uma maquilhagem leve e fresca. Sentia-se linda e deixava que as cabeças se virassem à sua passagem. 

A cerimónia do casamento tinha lugar numa igrejinha pequena e antiga erguida num ponto alto da aldeia. Após a cerimónia  todos os convidados saíram da igreja e esperavam os noivos no adro, a moça também lá estava quando sentiu algo na sua pele que a picou de imediato, levou a mão ao ombro, local onde tinha sentido a picada, a sua mão tocou em algo que pensou ser um bicharoco qualquer, talvez uma abelha ou um abelhão. Não deu grande importância aquilo.

Os noivos saíram da igreja felizes por finalmente estarem "casados para a vida toda" os convidados atiraram pétalas e arroz e felicitaram os noivos, o fotógrafo fez as fotografias, as pessoas foram entrando nos carros para se dirigirem a uma fabulosa quinta, onde imperava o verde de vários tons nas ramagens das árvores de sombra e da relva, que albergava um excelente restaurante, ali estava a ser preparado o banquete que iria servir as mais deliciosas iguarias. Delineava-se uma grande festa, com muita música, muita comida, muita bebida e alegria até às tantas. No fim, haveria o bolo dos noivos e fogo de artificio.

Já no carro a  moça sentada no lugar do pendura, começa a sentir-se indisposta e com alguma dificuldade em respirar, algumas manchas vermelhas começaram a aparecer na sua pele, diz para a pessoa que a acompanha: - leva-me ao hospital!

Entrou no hospital toda "empiriquitada" no seu lindo vestido verde claro, com manchas vermelhas na pele e dificuldade em respirar, o médico deu-lhe logo três injecções e ficaram a aguardar. As manchas já se espalhavam por quase todo o corpo, a medicação que levou parecia não estar a surtir efeito, as horas a passar e o turno do médico a terminar. Passadas duas horas chamaram a ambulância que a levou para um grande hospital de Lisboa, após a triagem, esperou no corredor. Ninguém a foi ver, as horas a passar e as manchas a desaparecer. Já a noite ia alta, as manchas tinham desaparecido por completo e a moça que perdeu a festa do casamento, perguntou a um médico se podia ir para casa. Foi então observada e deixaram-na ir embora sem que alguma coisa fosse feito ali. Apenas esperou. A medicação que lhe foi administrada no pequeno hospital fez a sua acção no grande hospital.

Desiludida e triste a moça não desfrutou da festa do casamento, lamentou tudo o que gastou para comprar o vestido, os sapatos, o cabeleireiro, a maquilhagem e a prenda que deu aos noivos, para passar a tarde toda dentro do hospital. A pessoa que a acompanhou também ficou com a festa estragada. Amaldiçoou aquele maldito insecto que a picou, que lhe estragou o dia e a festa. Ficou conhecida por " a moça do vestido verde claro!

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(Imagem tirada da net) 

Neste desafio encontramo-nos todas as semanas eu a Marquesa a Concha, a A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, o José da Xã e o João-Afonso Machado  a Fátima Bento

Desafio Caixa de lápis de cor#8# Rosas

Na sequência do desafio de hoje criado pela Fátima Bento apeteceu-me fazer uma ode às rosas. Adoro a flor e o seu perfume, e no meu jardim existe uma roseira que se tornou um símbolo especial!

Rosa é nome de  flor

também nome de mulher,

são flores que adoro colher

e à minha mãe oferecer!

Hoje é o dia da Mulher

rosas elas vão receber,

lindas são as vermelhas

que o amor vai oferecer

Existem rosas brancas,

amarelas e salmão,

desabrocham no meu jardim

e inundam o meu coração!

O seu perfume é suave

leve e sensual,

todo ele é um aroma

a despertar no roseiral!

Rosas.jpg

 

Neste desafio participo eu, a Fátima Bento Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa,  a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, e a bii yue

"Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio. Acompanha-nos nos blogues de cada uma, ou através da tag "Desafio Caixa de lápis de Cor".