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Abrigo das letras

Abrigo das letras

Desafio de Escrita do Triptofano#10#Bolas de sabão

Pelas verdes montanhas eu vou, eu vou,

no meu passo ágil, feliz caminho,

pisando o orvalho fresco e viçoso,

eu vou de mansinho.

A meu lado o sol já espreita,

radioso na sua luz colorida,

a noite já se deita

cansada e  esbatida, 

Anda sol, não te acanhes

vem aquecer a minha mão,

vem secar o orvalho

vem fazer brilhar

as minha bolas de sabão.

Os meus amigos me esperam

sabem que vou de longe,

sabem que não me demoro,

que saí de madrugada

sabem que as bolas de sabão

me acompanham nesta jornada.

Todos os anos é assim,

 no dia da festa dos primos

me levanto antes do sol

palmilho léguas com destino.

Canto, rio e assobio 

acompanho a sinfonia das aves,

 aspiro o perfume das flores,

sinto a liberdade nos ares!

bolas dec sabaõ.jpg

 

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

Participam também:

Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa

Desafio de Escrita do Triptofano#9#vela

À luz bruxuleante de uma vela

percorro um caminho incerto,

procuro um lugar, uma razão,

procuro algo na escuridão, 

procuro uma mão estendida

que me guie nesta noite enegrecida.

O mundo está em aflição,

procurando uma luz,

uma pequena luz que seja,

algo que ansiosamente se deseja,

um milagre talvez,

uma paz que se anseia

como a luz de uma candeia!

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Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

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Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa

Desafio de Escrita do Triptofano#8#Saco-leva-tudo

Qual será afinal o nome mais apropriado para a mala de uma mulher? aceitam-se palpites. Para mim é: saco-leva-tudo. Se bem que este até dá medo, pelo que nem dá vontade de meter nada dentro desta boca de raia que tem ar de engolir tudo.

Eu que tenho tanta estima pelos meus óculos de sol, pela maquilhagem de retoque, pelos blocos de apontamentos e canetas, pelos pacotinhos de açúcar que vou confeccionando de cada vez que bebo uma bica, pelo porta moedas, pelo porta documentos pelas chaves do carro e de casa e mais a garrafinha da água e de tudo o resto que vai lá para dentro sobre o qual aqui nem se fala. Não faltando o telemóvel claro está. Nada me encoraja a meter seja o que for dentro desta dita coisa.

E como esta boca de raia não me convence, acho que me vou limitar a uma pochet que só leva umas moedinhas mais uns lenços de papel!

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Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

Participam também:

Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa

Desafio de escrita do triptofano#Fórmulas#7

 

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Enquanto mergulho as mãos na água quente e lavo os pratos do jantar, ao mesmo tempo que ouço aquela pinga teimosa que cai naquele sitio sempre que chove, e o vento que fustiga lá fora abanando os ramos das árvores, vou pensando no que raio vou eu escrever sobre a proposta desta semana para o "desafio de escrita do triptofano" que apresenta uma carta cujo código é difícil de decifrar.

Vejo ali umas prateleiras repletas de frascos e garrafas, também uma moldura que encaixa uma fotografia de uma criança, talvez o filho do homem que se debruça sobre as combinações dos líquidos de forma a encontrar a fórmula perfeita do medicamento que lhe foi proposto realizar.

Imagino um local pequeno, escuro e frio, o sitio a que ele chama laboratório onde  trabalha à luz da vela entre produtos quentes e frios, gasosos e não gasosos, uns químicos, outros adquiridos  através de plantas, no caderno vai anotando todos os pormenores conseguidos e falhados para perceber onde pode melhorar ou o que tem de eliminar definitivamente. Aquele cérebro não pára. A ciência não pode parar.

A certa altura a mesma criança da fotografia aparece sorrateiramente à porta e diz:

- Pai, a mãe diz que são horas de parares, que são horas do jantar

- Sim, responde sem levantar os olhos do que estava a fazer, diz à mãe que vou mais tarde.

A criança sai pela mesma porta por onde entrou e ele não mais se lembrou que precisava de comer.

Tudo está devidamente rotulado e a foto da criança também se encontra em cima da mesa para lhe dar mais incentivo e coragem para continuar nas suas experiências.

A noite já vai alta, ele também se esquece que precisa de descansar, o seu metabolismo desregulado não o avisa dessas coisas tão próprias de qualquer ser humano e quando chega a manhã, o jantar ainda está em cima da mesa à sua espera e o seu lado da cama ainda está frio.

Esta foi mais uma noite que não foi à cama, a fórmula certa está difícil de encontrar, e ele é daquelas pessoas que não sossega, não dorme e não come enquanto não consegue obter o seu objectivo. 

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

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Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa

Desafio de Escrita do Triptofano#6#comboio

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levara semanas a decorar as falas que ia desempenhar naquela peça de teatro que a escola estava a organizar, dedicara-se a isso de corpo e alma, todos os dias no seu quarto reservava um tempo generoso para decorar e ensaiar . Também já aplicara toda aquela maquilhagem branca no rosto e vestira o fato branco que estava pendurado num cabide à espera para ver como seria o seu aspecto no palco. Estava preparado para representar e dar alegria aos espectadores.

Ansiava por aquele dia, queria mostrar os dotes de actor e estava feliz.

Já vinha a ouvir a algum tempo rumores sobre uma possível guerra mas sempre pensara que não passaria de suposições e que os governantes jamais iniciariam uma guerra.

Não imaginava porém, que, precisamente no dia que estava marcado para a estreia, começariam a cair bombas na sua cidade e em vez de vestir aquela roupa branca destinada à sua personagem, a mãe lhe disse que vestisse uma roupa normal mas quente, preparasse um bom agasalho, metesse algumas peças de roupa e os seus produtos de higiene numa mochila porque tinham que deixar a cidade o mais rápido possível.

Tudo lhe caiu.... olhou o fato branco uma mais vez, o fato que iria ficar ali pendurado e que já não o iria voltar a ver, uma tristeza sem fim lhe inundou o rosto, as lágrimas saltaram sem aviso, despediu-se do pai, despediu-se da casa e dando a mão à mãe caminhou até à estação do comboio!

O palco, o teatro, o fato e as falas que tinha decorado com tanto empenho eram agora uma sonho que não se realizaria. 

Entrou no comboio e sem aviso entrou também num teatro que não tinha sonhado e que não era o dele, onde as falas não eram as que tinha decorado, aquele era um teatro real para o qual não estava preparado, onde ele era actor e espectador em simultâneo! Era o teatro em que o guião não tinha um final definido. Muitos finais poderiam acontecer.

Estava muito triste, sabia que ao entrar naquele comboio a sua vida iria mudar para sempre, estava a partir para uma incerteza tão grande que não lhe cabia no coração!

Era o inicio da invasão da Rússia contra a Ucrânia.

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

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