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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Verão pleno

Maria, 15.08.21

A minha vila está à "pinha", não encontro um lugar para estacionar, decido ir para mais longe e aí encontro um lugar, bem longe do local para onde quero ir, não importa, a minha vila é linda em todos os caminhos e ruas que me levam ao destino. Assim, o meu passeio é maior e mais diverso, tenho tempo para apreciar as ruas bem cuidadas e limpas, as casas pintadas de cor tão simples e tão bonita que enfeita a minha vila, desfrutar do cheiro tão característico a iodo e a maresia como não há igual em mais sitio nenhum. Passo pela capelinha da Nossa Senhora da Boa Viajem, junto à praia dos pescadores, hoje é o dia da festa de Nossa Senhora da Boa Viajem, em situações normais, este é o dia que mais gente se junta na minha vila, não acontece isso este ano assim como também já não aconteceu o ano passado pelas razões que já toda a gente conhece. Ainda assim a minha vila está muito composta e não deixou de se embelezar para celebrar e honrar a Virgem, padroeira dos Pescadores. 

Como sempre, do alto da muralha espreito a praia lá em baixo e, não me canso de exclamar para mim mesma "como está enorme e bonita esta praia", a praia ideal para as crianças. O local onde caí com uma das minhas crianças já não está lá, ou seja, está, mas completamente coberto de areia, tudo o que era pedra, agora está coberto e deu lugar a esta praia que antes era pequenina e hoje é uma uma praia de excelência nesta vila.

Ainda passo pelas furnas e avisto a outra praia, a maré está baixa e as algas inundam a areia, os banhistas não gostam mas, que fazer, o mar as trouxe o mar as há-de levar. Mais um pouco e chego ao meu destino. A marcação já estava feita desde o dia anterior, têm certificado covid? foi o que me foi perguntado aquando o telefonema para a marcação, sim, temos, respondi, fica marcado então, foi a resposta do outro lado. Umas sardinhas assadas com salada de tomate e pimento vermelho e alface, o meu menu de verão!

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E parecia tudo tão real!

Maria, 28.04.20

Havia uma razão para me levantar cedo, queria me sentar em frente ao PC e escrever coisas que me têm vindo à ideia, momentos vividos em tempo de Covid-19 que podem se perder no tempo e na memória quanto tudo isto passar, porque um dia isto vai passar e, embora seja algo que nunca se vai apagar da nossa memória, existem pormenores que se vão esvair no tempo, para guardar memórias eu escrevo algumas coisas, por isso havia o propósito de levantar cedo e escrever. A seguir ao almoço resolvi fazer uma pequena sesta, acordei terrivelmente assustada! Sonhei, e o meu sonho era espantosamente igual à realidade:

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Via imagens dos aviões da TAP num dia de um sol radioso e céu azul, todos alinhados em terra no aeroporto de Lisboa, um postal lindo com as cores da nossa bandeira, fiquei intrigada, porque estariam todos os aviões em terra? vi os barcos parados nas docas, os comboios vazios e também os autocarros antes sempre lotados, agora vazios sem vida, sem passageiros, vi autoestradas e cidades vazias, parecendo fantasmas de onde toda a população fugiu ,  ou se escondeu, imagens impressionantes e muito tristes, nunca se viu nada assim, falava para mim sozinha, vi pessoas a cantar às janelas e a aceder velas em união e solidariedade uns com os outros, querendo dizer, estamos todos unidos, e (Vamos ficar todos bem), o barco é só um e todos nós estamos dentro dele,  vi uma multidão de gente usando máscaras de todas as cores e modelos, vi as pessoas a desviarem-se umas das outras, era surreal, havia medo nos seus olhos, medo de se aproximar do seu próximo como se uma lepra houvesse por ali com via em certos filmes, vi toda a gente a desinfectar as mãos com álcool e gel desinfectante, vi comentários desastrosos nas redes sociais, vi igrejas e escolas fechadas, passeei pela minha vila e vi todo o comercio fechado, montras vazias, esplanadas arrumadas, bancos de jardim vedados e acesso às praias vedados com fitas, continuei a ver tantas coisas que não faziam parte da vida que eu estava habituada a viver!

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Vi um Homem vestido de branco sozinho a rezar pelo mundo, na Praça de S. Pedro no Vaticano, no Domingo de Páscoa, uma imagem poderosíssima e comovente,  também vi gente fazendo uma vida normal como se nada se passasse, continuava intrigada com tudo o que via, a ver coisas estranhas ao normal, vi números e imagens de outras cidades do mundo com comportamentos igual a Portugal; no meu sonho eu via tudo isto e interrogava-me o porquê de toda esta mudança na vida de cada dia, porquê que tudo tinha mudado, até que, enquanto circulava a ver todas estas coisas vi algo que me impressionou e assustou, olhei acima de mim e vi muitos pontinhos em coroa passeando-se no ar, aterrorizada percebi que o mundo estava perante uma pandemia viral de dimensões jamais vistas, comecei também a ver outras imagens que parecia vindas do futuro ou daqueles filmes de ficção cientifica, de hospitais cheios de profissionais de saúde equipados como se tivessem a braços com uma bomba atómica estafados e cansados, ouvia dizer que havia milhares de mortes em todo o mundo vitimas de uma pandemia... dei um salto na cama, o meu sonho estava a tornar-se muito pesado e acordei a transpirar!

corona virus.jpgCredo!!, parecia tudo tão real, falei em voz alta, talvez para me certificar que tudo não tinha passado afinal de um pesadelo!

Isto foi um pesadelo, disse para mim mesma!

Depois, bem acordada, a colocar as ideias em ordem, voltei à minha rotina diária e concluí que afinal a minha rotina era igual ao meu sonho! Fiquei triste, eu queria a minha vida de volta!

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(Imagens tiradas da net)

Dia mundial do Livro

Maria, 23.04.20

“A leitura é importante hoje mais do que nunca. Leia e você nunca estará sozinho”,

copiei esta frase que li algures por aí e creio ser uma grande verdade, nós que sentimos prazer no acto da leitura nos faz uma certa confusão de como existem tantas pessoas que não nutrem qualquer prazer neste acto. A leitura tem o poder e a força de nos levar em viagens que jamais imaginaríamos, com ela parece que tudo se movimenta, conseguimos estar em vivência quase real através da imaginação, recriação, coração e espírito nos lugares e tempo em simultâneo com as personagens  da obra que estamos a ler, e as horas passam de uma forma diferente, divertida e enriquecedora. Nas horas em que dedicamos à leitura, de uma certa fora estivemos a viajar, a conhecer lugares, culturas e formas de viver diferentes e por isso eu pessoalmente encaro a leitura como uma fonte de conhecimento do mundo!

A minha leitura actual, "O Historiador"!

A trama se passa na Europa do período da Guerra Fria, onde uma menina, filha de um diplomata, descobre uma série de cartas misteriosas dentro de um livro na biblioteca de seu pai. Após pesquisas e histórias contadas por seu pai, a menina descobre o legado que foi deixado a ela.

Nas histórias do pai, ele conta que em sua época de pós-graduação em História, ele conheceu um professor, Bartholomew Rossi, que antes de seu desaparecimento misterioso, deixou-lhe o livro com as cartas, nas quais ele afirma ter descoberto que Conde Drácula ainda estava vivo.

O livro percorre a natureza da história e na sua relevância para o mundo actual.

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Nunca fez tanto sentido dar um especial valor à leitura como neste período que estamos a viver, o prazer de ler um bom livro é uma riqueza a ser redescoberta, sobretudo em tempos de quarentena ou isolamento social. O 25º Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor celebra-se este ano quando o mundo vive uma das suas mais duras experiências, a pandemia de coronavírus ou covid-19!

As caminhadas em tempo de Covid-19

Maria, 16.04.20

Sou uma amante de caminhadas, adoro fazê-las à beira mar, tenho o privilégio de viver perto do mar. Agora que todas as entradas para a praia e parques de estacionamento à beira mar estão vedados com fitas, no paredão muitas pessoas ainda fazem as suas corridas e caminhadas, eu optei por outros trilhos para evitar ajuntamentos e cruzamentos. Assim, como a minha zona também é campo, dei preferência aos percursos por onde quase ninguém passa, por trilhos de terra batida, onde abundam pinhais e hortas. Equipo-me de chapéu de sol e outro de chuva porque ora faz sol ora pode fazer chuva, óculos de sol, os meus ténis de caminhada, telemóvel, fones nos ouvidos e música do Spotify, aí vou eu para mais uma. Dou por mim parada a observar as batatas que crescem rapidamente, a chuva ajuda a que toda a natureza de desdobre de um dia para o outro, flores campestres lindas, malmequeres brancos e amarelos, as flores do mato, os pinheiros novos, e encontro lamaçais enormes, já lhes dei o nome de "grandes lagoas", passo pelos lados, salto poças lamacentas, verifico que não à pegadas recentes, o que significa que ninguém passou por ali naquele dia, aparece uma vez ou outra o rasto de bicicleta.Uma vez ou outra cruzo com algum casal que também vai fazer o seu passeio. Desfruto da tranquilidade que só a natureza pode oferecer e, enquanto caminho passo atrás de passo somo quilómetros, esqueço a guerra que grasa pelo mundo e o meu corpo e mente agradecem. No fim, quando chego a casa me sento num banco, estou cansada mas tranquila. Estamos a atravessar um período difícil, que vai fazer historia, não sabemos até quando vai durar mas já conhecemos um bocado da dimensão dos estragos que causa! Manter a sanidade mental e algum exercício físico é fundamental! 

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Tudo parece igual a ontem

Maria, 02.04.20

Da minha varanda observo a rua, tudo parece igual a ontem, a mesma estrada ladeada de casas amarelas, azuis ou brancas, os passeios para caminhar, algumas ervas surgem aqui e ali, os pássaros cantam, a chuva caiu e as plantas revigoraram, as laranjeiras estão floridas, as andorinhas começam a abeirar-se dos seus ninhos, uma ou outra pessoa passa,  tudo parece realmente igual a ontem; no entanto, quando olho as pessoas, nada é igual a ontem, os seus olhares, as suas preocupações e receios estampam-se nos rostos, nas palavras, na incerteza de um futuro que ninguém sabe onde nos conduz. Ontem os carros circulavam uns atrás dos outros numa pressa sempre desenfreada, as pessoas numa correria para o trabalho, para as compras, para levar e buscar as crianças da escola, era uma vida, achávamos  nós, completa, sem tempo para nada, sem tempo para os filhos, para os pais, para os vizinhos, para os amigos, o tempo não chegava e dávamos por nós a pedir mais tempo ao tempo e o tempo nunca chegava!

Hoje o tempo sobra para quem tem que fazer quarentena ou isolamento social, palavras pouco usuais no nosso vocabulário de ontem, o tempo sobra mesmo apelando à imaginação e criatividade na tentativa de reinventar outra forma de viver, outra forma de fazer as coisas, outra forma de comunicar e demonstrar os afectos e carinhos pelos outros.

As noticias cansam, os números cansam, a nossa capacidade de ouvir sempre as mesmas noticias esgota-se, em cada novo dia temos esperança que os números apresentem sinais de abrandamento que nos acalme o espírito, sabemos que esse dia chegará, mas quando não sabemos!

Todos os que estão na linha da frente (frente de batalha) porque esta pandemia provocada pelo virús covid-19 é uma guerra sem igual da qual ninguém está livre, todos os que estão na linha da frente num combate levado à exaustão para salvar vidas, arriscando em cada hora, em cada minuto a sua própria vida, merecem todo o apoio e solidariedade do mundo. Eles sim são os Grandes Heróis nesta guerra, e a nós que estamos no isolamento social eles só pedem que Fiquemos em casa. Tão simples comparado com a luta deles. Pensando neles devemos fazer o que nos pedem para que eles possam tratar de nós! 

Tudo parece estar igual a ontem mas não está!

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Os Desafios da Abelha

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