A manhã estava fria, a geada cobria as ervas e sentia-se a humidade da madrugada ainda a pairar no ar. Olhei para a rua através das vidraças e vislumbrei um saco vermelho pendurado no portão, intrigada, perguntei-me o que seria aquilo.
Vesti um roupão quentinho e abeirei-me do portão a fim de ver o que continha o saco, lá dentro estava uma cesta em forma de rena (mais tarde o meu menino disse que era o Rudolfo), dentro desta estava um embrulho também feito de papel vermelho brilhante e uma carta, mas a carta não tinha nome, apenas um coração desenhado a caneta. Continuei intrigada sem saber se abria ou não a carta, decidi-me por abrir, afinal esta aldeia é um sitío pacato onde todos se conhecem e se falam, mesmo os estrangeiros que a adotaram como sua e a escolheram para viver.
A coriosidade é sempre um sentimento forte e determinado e por isso não resisti, tinha que abrir aquela carta, tinha que saber quem me estava a enviar aquele presente, percebei de imediato que era um presente de natal de alguém que me queria bem.
Soube de quem era quando cheguei ao fim da carta, não pelos nomes que a assinaram, estes eram estrangeiros e embora já tivesse falado várias vezes com as pessoas, não sabia os seus nomes mas, o lindo conteúdo da carta revelou a sua origem. Não estava de nada à espera de uma surpresa tão gentil e agradável daquelas, fiquei imensamente feliz e deveras agradecida com aquele gesto tão simples e tão bonito.
O conteúdo do embrulho eram doces variados e frutos secos oferecidos com o coração. Obrigada do coração meus simpáticos vizinhos!
Passados uns dias encontrei-os e perguntei se aquela oferta tinha vindo da parte deles ao que eles responderam afirmativamente, então agradeci-lhes pessoalmente e no dia seguinte lhes ofereci algo do meu quintal.