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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Chuva

Maria, 10.03.22

Abri a janela para ver a chuva cair, a musicalidade que aos meus ouvidos chegava das  grossas pingas a cair do beiral do telhado, indiferentes se eram bem vindas ou não, da água a correr pelo pátio abaixo, deslizando suavemente entrava direitinha no reservatório que está abaixo do solo. No quintal os feijões acabados de serem semeados recebiam esta abençoada chuva, que os iria fazer germinar dentro de pouco tempo.

Adoro ver as plantas que sulcam timidamente a terra tal como uma criança que se anuncia nascer, resultante das sementes que cuidadosamente deixei cair. Começam a surgir um pouco envergonhadas, apenas uma pontinha verde desponta de inicio mas depois começam a crescer de dia para dia até se tornar numa planta grande, florir e deixar desabrochar o legume próprio da sua natureza.

Hoje o céu enegreceu, as nuvens tornaram-se densas e escuras e a chuva do céu caiu, como uma bençao, da janela eu via a chuva cair na estrada e a água a saltitar em cima dos carros, estes com o limpa para brisas a funcionar afastavam a chuva que lhes batia nos vidros.

Também aquela senhora caminhava de guarda chuva aberto se resguardando da chuva, os sapatos chapinhando na água, estaria feliz por finalmente poder caminhar enquanto chove? Também ela sentirá como eu que chegamos à primavera sem ter havido Inverno? 

Da minha janela senti o cheiro a terra molhada, senti o ar mais limpo e isso deixou-me feliz. Não necessito de coisas muito elaboradas para ser feliz, o facto de ver a chuva cair, sentir o cheiro da terra molhada enquanto se atravessa uma seca severa é motivo suficiente para me sentir feliz!

Não fosse o facto de alguém me ver e dizer que enlouqueci, iria para o meio da rua sem guarda chuva abarcar esta chuva nos meus cabelos, no meu rosto, no meu corpo e dizer "Obrigada" (É claro que logo de seguida iria para o duche para aquecer)!

 

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Fui ver o rio

Maria, 13.02.22

Olho o leito do rio com desalento, um fio, apenas um fio de água ainda se aguenta a percorrer o caminho, mais à frente esse fio vai ser travado, as hortas que estão nas margens alimentam-se dessa água que o rio trás. Ergo os meus olhos ao céu, detecto algumas nuvens, as previsões dizem que vai cair alguma chuva, tenho as minhas dúvidas.... 

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A terra abre-se em frestas com a secura e, em um local ou outro assiste-se com algum espanto à resiliência da flora, como pode uma planta tão frágil germinar e desenvolver-se num local tão árido.

A seca que nos atinge é uma forma de a natureza colocar à prova a resiliência humana, ou uma forma de nos avisar de que devemos ter mais respeito pelo meio que nos acolhe, pelo ambiente que queremos deixar aos nossos filhos e netos, às gerações futuras.

O rio quase não corre, está ali enfraquecido, desalentado, cheio de lixo seco.

Lanço um grito calado em todo o comprimento do rio, em solidariedade, também eu e o ar que respiro clamam pela chuva.

Ela virá, porque  em cada um de nós existe a Fé e a Esperança!

 

 

 

Abril águas mil

Maria, 14.04.21

Cais de mansinho, em gotas suaves, melodiosas, deslizas lentamente sobre o pano do guarda chuva e desfazes-te no piso alcatroado em que caminho. Unes-te a milhares de outras gotas e juntas formam uma corrente que segue em direcção ao ribeiro.

Indiferente à chuva que cai sobre as abas do seu chapéu, ela caminha embalada pelo seu som, e atenta aos veículos que passam. Salpicos vão molhando os sapatos, as calças, as mãos e o cabelo, mas isso não importa, ela gosta de caminhar à chuva, gosta do seu som, da sua melodia, gosta dos salpicos e de ver as pingas caírem em cima das outras pingas.

De repente um relâmpago, assusta-se um pouco, mas logo se recompõe e segue-se o trovão, as pingas estão a cair mais fortes até que se tornam numa chuva torrencial e ela ali com chapéu de chuva na mão... avista o canavial... corre a abrigar-se.... é um telheiro roto mas abriga um pouco. Permanece ali enquanto a chuva forte dura e pensa.... está a regar a hortinha, que bom, nada como água da chuva para as plantas, tudo fica mais vivo mais resplandecente e viçoso.

Em pouco tempo forma-se o lençol de água na estrada, os carros passam e levantam a água em saraivadas fortes e brutas.

"Em Abril águas mil"

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O chão e as máscaras

Maria, 13.02.21

Inicio a minha caminhada a partir de casa e vou caminhar sozinha até onde os passos me levarem. Visto uma roupa confortável, calços os meus sapatos de caminhar à prova de água e na cabeça ponho uma fita de malha. O telemóvel e os fones vão me acompanhar para ouvir música, escolho uma série de músicas portuguesas e ouço, Marisa, Camané, Carminho, Carlos do Carmo e outros que também gosto. Na mão levo uma pequena garrafa de água.

O dia estava claro, liberto das nuvens negras, do nevoeiro e das chuvas dos últimos dias. Não dá para ficar dentro casa hoje, pensa, tenho que sair. O sol já desponta e aquece. Mesmo em confinamento saio de casa, vou caminhar para sítios onde poucas pessoas andam.

É certo que tenho que atravessar a aldeia, mas até mesmo na aldeia quase não cruzo com ninguém, no entanto, como caminho sozinha estou mais atenta ao que surge à minha frente e, mesmo não encontrando gente nas ruas, a aldeia ferve de vida com as pessoas do lado de fora das casas dentro dos seus quintais entretidas com afazeres ou simplesmente a apanhar sol, um pouco de vitamina D é bem vinda, as roupas a secar ao sol dão vida e cor aos estendais, as janelas abertas de par em par renovam o ar das casas e alguns homens preparam terreno para plantar as plantas que lhe darão produtos frescos nas suas pequenas hortas no inicio da Primavera. Passo por uma senhora que está a despejar o lixo, reparo no seu cabelo branco e o sol que incide sobre o mesmo empresta-lhe uma luminosidade e reflexos extraordinários nos fios. Achei aquele cabelo lindo.

Quando deixo a aldeia para trás, entro numa zona de pinheiros onde o caminho é de terra, mas tem pouca lama, avisto uma coisa azul claro pendurada num galho de um carrasco, ao aproximar-me vejo que é uma máscara.

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Durante as minhas caminhadas encontro com frequência máscaras caídas nas bermas dos caminhos ou das estradas, não entendo o porquê ou o que é que custa colocá-las no sitio certo. Existem tantos contentores espalhados por todo o lado, e uma máscara é uma coisa tão pequena, porquê deitá-la no chão. Muitas vão parar ao mar levadas pelo vento e pela água das chuvas. É extremamente desagradável o cenário que se nos depara com as máscaras caídas aqui e ali. Uma falta de respeito para com o próximo e para o ambiente.

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Gosto de rios, ribeiros, ribeiras e quedas de água, devido às chuvas constantes que têem caído, encontro com alguma regularidade estas águas correntes. A água tem um poder calmante sobre mim!

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No fim de uma hora e meia de caminhada, chego a casa. Foram 8 Kms!

Chuva

Maria, 17.09.20

Já ouço as pingueiras do telhado, ping, ping, ping, prenúncio de um outono próximo, já sinto o cheiro da terra molhada e sinto uma temperatura outonal... Oh chuva que estás aí, tão bem vinda que és, lavas a estrada e os telhados, lavas os pátios, regas as hortas, purificas o ar.... até lavas a alma.... como gosto de te ouvir cair e serenamente bateres na minha janela como um timido amante, permitindo que os meus ouvidos se envolvam na tua deliciosa música!!!

Estou feliz porque chove e apetece-me dançar à chuva!!

Não-se-esconda-da-tempestade-é-melhor-dançar-na

 

Os Desafios da Abelha

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