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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Caminhos de Santiago

Maria, 12.06.24

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Quando uma pessoa amiga me disse que ia fazer os Caminhos de Santiago, nem pensei duas vezes e perguntei de imediato se eu poderia integrar no grupo. A ideia de fazer esses caminhos já vinha fervilhando na minha cabeça a algum tempo, só que não sabia como ir. Naquele dia vi claramente que havia chegado o momento.

Rapidamente me integrei no grupo (um pequeno e fantástico grupo) e durante alguns meses fiz com eles  caminhadas de preparação semanais. Tudo experimentamos e tudo aprendemos para podermos fazer a nossa peregrinação sem percalços e sem bolhas.

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No dia da nossa partida viajamos desde o nosso local de origem de autocarro e de comboio até Valença do Minho, começamos a caminhar a partir daí, dormimos a primeira noite num hotel em Tui. Começamos a carimbar as nossas credenciais de peregrino no restaurante onde jantamos. Foi o nosso primeiro carimbo.

No segundo dia caminhamos até Porrino, foi um percurso feito quase sempre debaixo de chuva, nos valeu as capas e as botas que nos mantiveram o corpo e os pés secos, não deu porém, para poder apreciar o caminho como queríamos, mas estávamos apenas a começar, no entanto, a nossa boa disposição fez com que a chuva fizesse apenas parte de uma peregrinação a Santiago, íamos preparados para isso e caminhamos felizes com o "põe capa, tira capa". Em determinada altura começa-se a ouvir o som da gaita de foles, é lindo, é tocante, enche o coração.  O gaiteiro está no caminho para animar a caminhada de outros, pomos algo na cesta. É a música, é o vendedor de fruta, são os sítios onde os peregrinos deixam coisas com os seus nomes gravados, são as vieiras com a cruz de Santiago,  são os marcos com as setas e as vieiras a indicar o caminho e a distância que falta percorrer, são as pessoas que encontramos, são as botas gastas que alguém deixou.....

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Terceiro dia já sem chuva caminhamos ate Cesantes, fomos sempre encontrando pessoas com o mesmo destino que nós, muitas pessoas a fazer o caminho sozinhas,  principalmente jovens. Também encontramos pessoas de mais idade e por vezes com alguma dificuldade em andar (é preciso muita coragem). Foi espectacular, quando chegamos à praia de Cesantes, os pés quentes dentro das botas e cansados, agradeceram o terminar deste percurso a caminhar na água à beira mar. A água fria e o caminhar na areia molhada foi um bálsamo super reconfortante para todo o nosso corpo. Depois de um almoço bem divertido descansamos na praia a ver os "desportos náuticos" que se faziam naquela praia.

Quarto dia, hoje chegaremos a Pontevedra, caminhos lindos nos esperam, rios, ribeiros, floresta, o cantar dos pássaros o som da água seguindo o seu curso, os cheiros, as brumas que nos dão a sensação de estar numa cena do filme do "senhor dos anéis" como disse uma colega; uma sensação de caminhar noutro mundo em direcção a algo maior. A tarde foi passada a visitar Pontevedra!!

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Quinto dia, o nosso guia nos leva a ver a cascata de "Fervenza do Barosa", brutal, esta cascata é brutal, linda de mais, todo o grupo banhou os pés na água gelada da cascata. Os pés cansados deixaram de o estar. Não nos cansávamos de ouvir o som da cascata e de contemplar a queda de água, aquele local é de uma beleza surpreendente. Caminhamos até até Caldas dos Reis onde  almoçamos. Começou a chover na hora do almoço, o restaurante serviu pratos super generosos, quase ninguém conseguiu comer tudo. De seguida mais uma surpresa do nosso guia, um lavadouro de água termal e quente nos espera, todo o grupo agora vai mergulhar os pés e pernas na água quente, rimos, divertimo-nos, parecemos crianças a quem se dá um brinquedo, outras pessoas  de outras nacionalidades se juntaram a nós. Vamos pernoitar em Caldas dos Reis num Apartamento com quartos para todos. Estamos muito cansados, o tempo está de chuva, aproveitamos para descansar, compramos umas coisas e fizemos o jantar no apartamento! Lavamos roupa.

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Sexto dia, hoje seguiremos até Padron, está quase.... agora que está quase, começamos a sentir saudades daquilo que está quase a terminar, têm sido dias fantásticos. Fazemos aquecimento antes de começar a caminhar, terminamos a caminhada com os devidos alongamentos, tomamos o pequeno almoço nos cafés, cantamos músicas alegres, rimos, pomos flores nos cabelos e nos chapéus, atravessamos linhas de comboio, tiramos muitas fotos para mais tarde recordar, carimbamos as nossa credenciais em todos os sítios onde vamos,  nesta fase já vai muito preenchida, vamos em direcção a algo maior, somos felizes. A tarde é passada a visitar a cidade de Padron!

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Sétimo dia, a nossa chegada à Catedral de Santiago é triunfal, batemos palmas, abraçamo-nos, rimos, voltamos a abraçar, fizemos os últimos alongamentos nos claustros onde a Tuna dos Estudantes costuma tocar. O nosso guia pega nas nossas credenciais repletas de carimbos dos locais por onde passamos e vai buscar a as respectivas "Compostelas do Peregrino". Depois visitamos a catedral, fico impressionada com o esplendor e ostentação do altar, imenso e todo dourado, ingressamos a fila para visitar o túmulo de Santiago. Quando saímos da catedral caminhamos mais vinte minutos pelas ruas de Santiago até chegar ao nosso alojamento, um hotel perto da estação rodoviária. As nossas mochilas já lá estão à nossa espera, tomamos banho e saímos para ir assistir à missa , chegamos uma hora antes para podermos assistir sentados. Quando terminou fomos jantar, pouco tempo há para descanso.

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O nosso jantar é cheio de peripécias que nos fazem rir, assim como têm sido todas as refeições, tomamos café, bebemos o "chupito", saímos para a rua e vamos ver a Tuna que está a tocar nos claustros, rapidamente nos pomos a dançar ao som da música deles, no fim toda a gente bate palmas. O nosso guia diz que esta é uma "viajem de finalistas". Cansados e felizes e, porque já se faz tarde voltamos para o alojamento passeando pelas ruas de Santiago. Amanhã é dia de regressar à rotina das nossas vidas. Viajaremos de autocarro até ao Porto onde vamos almoçar e seguiremos de comboio até à cidade de onde partimos, depois outro transporte até casa!

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Foi uma experiência única, vivida com muito companheirismo, muita interajuda, muita animação. Um caminho percorrido vivido intensamente que ficará na memória de todos!!

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Muitas histórias vividas com alegria, com emoção, com sentimento ficam ainda por contar!!

 

 

Caminhos da serra

Maria, 22.02.22

É um dia de Inverno, mas o céu está azul e o sol brilha em todo o seu explendor, a temperatura está amena, um dia delicioso para enveredar por aqueles caminhos no meio da serra.

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Todos os caminhos estão ladeados pela cor da alegria, o amarelo lindo e suave das mimosas que desabrocham, embelezam e perfumam os trilhos da serra. A Primavera antecipada.

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Por cima de nós três águias esvoaçam e cantam livremente alheias aos problemas sérios que este estado de tempo atípico que se debruça sobre nós. Nesta altura do ano, em estado normal,  a erva estaria alta e molhada, o piso estaria lamacento e escorregadio, andaríamos a chafurdar na lama, a saltar poças de água e atravessar ribeiros, nada disto acontece e  nos confunde.... estamos no inverno ou no verão???

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Procuramos as sombras das frondosas árvores que se erguem altas e imponentes, as suas raízes bem fundas distendem-se à procura de humidade, muitas estão despidas de folhagem.

20220220_132638.jpgUma extensão de arbustos completamente floridos se estende ao nosso lado esquerdo criando uma visão extraordinária! 

Erva das Pampas

Maria, 11.10.21

Os caminhos são pedregosos, olhas o chão e procuras onde colocar os pés, sob eles soltam-se pedras quando as pisas, ao teu lado esquerdo e direito erguem-se grandes ervas meio secas que te arranham a pele, o pó fininho da terra levanta-se e vai pousando na tua face tornando a tua pele áspera mas tu já te habituaste a isso e nem te importas.

Continuas caminhando, traçaste um percurso e vais quase fiel a ele, por vezes fazes algum desvio, o sol está muito quente e tentas procurar as sombras, bebes água de vez em quando na tentativa de tornar mais leve aquelas subidas de que não gostas nada, (odeias as subidas) o teu esforço triplica.

Quando chegas ao planalto, respiras fundo e ergues o teu olhar para longe, o que vês deixa-te sem fôlego, as elevações, os vales, as mansões dispersas umas das outras, a cidade e o mar tudo se conjuga numa harmoniosa paisagem que te faz saber que te encontras num lugar soberbo.

Acompanha-te neste percurso, o canto dos pássaros, o saltitar dos gafanhotos e o esvoaçar das borboletas, sentes falta do som da água correndo nas ribeiras, passas por elas, e com pena verificas que estão todas secas, nalgumas ainda corre um fiozinho de água e crescem agriões.  Encontras um grande tanque cheio de água até cima, refrescas as mãos e sabe-te pela vida. De longe vem o som abafado dos carros que competem num autódromo que se situa perto.

Ainda tens muito pó de terra para apanhar, muitas pedras para pisar e muito mato para te arranhar, ainda assim continuas, vês passar por ti algo desconcertante, alguma coisa vai ao contrário, o ciclista sobe o trilho com a bicicleta às costas, os outros vão pedalando.

Encontras os cactos, eles estão carregados de figos, não sabes que neles existem picos muito fininhos e mexes só para perceber a consistência, vais de arrepender da tua imprudência. Os picos enterram-se na pele das tuas mãos e vão te picar até ao fim da tua caminhada pelos trilhos. Aprendeste alguma coisa hoje. Numa pesquisa feita ficas a saber das inúmeras propriedades desses figos e que só podes colhê-los à noite que é quando os picos amolecem.

Agora o cenário que se depara na tua frente é algo com que tu já te familiarizaste neste outono pelos caminhos que percorres, as plumas erguem-se esbeltas, fofas e de tons suaves, são muitas, crescem e multiplicam-se a cada ano que passa, onde o ano passado não havia nada, este ano já ali estão exibindo para quem gosta de olhar a sua elegante beleza.

Não obstante a sua beleza elas são uma praga infestante, estão por todo o lado invadindo até os caminhos por onde tu passas. Elas são as "ervas das pampas"

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Os Caminhos da minha Mãe

Maria, 07.05.19

Muitos caminhos percorreste

uns foram direitos,

outros nem por isso,

calcorreaste o caminho das pedras,

empreendeste os caminhos lisos,

também enfrentaste os sinuosos,

em todos estes caminhos

caminhaste com amor,

e neles choraste lágrimas de dor.

Nos caminhos da tua vida,

aprendeste a linguagem

da gratidão, do carinho e da alegria,

deste tantos filhos ao mundo,

deste tantos ramos à tua árvore,

hoje, ela se estende para lá das montanhas,

com alegria nas suas folhas, estampada,

que tu observas de perto,

porque a tua vida foi

e será sempre um livro aberto!

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Estas flores são para ti minha mãe querida!

Os Desafios da Abelha

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