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Abrigo das letras

Abrigo das letras

A tradição a cumprir-se

Já se ouve ao longe a alegria das crianças, hoje é o dia delas, em grupos de dez ou de duas ou três, aí andam elas alegres a percorrer as ruas da aldeia com os seus sacos coloridos e muitos sorrisos no rosto. Ouve-se em uníssono "há pão por Deus". Quase  revejo nestas crianças a menina que eu fui, quando alegre fazia os mesmos caminhos com a mesma alegria que eles (é tão bom ser criança). A chuva deu lugar a lindo dia, apenas com algumas nuvens, o S. Pedro a lembrar-se de que esta é uma festa das crianças e de que eles adoram este dia!

Também eu amo este dia, de propósito fico em casa para apaparicar estes meninos e meninas com rebuçados, gomas ou caramelos que vou deixando cair nos seus sacos de panos coloridos. Obrigada, obrigado, obrigada.... vou ouvindo de cada um à medida que as guloseimas vão caindo .... depois seguem quase cantando pele rua "há pão por Deus"!

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E mais uma vez fiz a experiência de amassar uma broas, que ficaram deliciosas!

Os rios não bebem a sua própria água...

Quando fazemos parte  da vida de alguém, deixamos sempre uma marca, boa ou má, ou as duas. Se fomos felizes com essa pessoa vamos nos lembrar sempre dos momentos bons, mas se essa pessoa nos magoa, essas mágoas também vão permanecer para sempre, por vezes são capazes de fazer esquecer os bons momentos. A mágoa tende a prevalecer, a ficar ali viva, recalcada, tornando-se superior ao bom.  A vida é boa quando se está feliz, tem sabor a doce de amora, tem o perfume das rosas e a alegria da primavera. A mágoa torna-nos infelizes, com sabor amargo na boca e no estomago, rouba-nos a alegria de viver, impede que que vejamos mais além, impede que vejamos os outros e obriga-nos a escondermos-nos dentro da nossa concha como um caracol.

A vida partilhada é melhor que uma vida solitária, fomos concebidos para viver em comunidade, uns com os outros, para fazermos  e sermos felizes com os outros. Nada vive para si mesmo, os rios não bebem a sua própria água, as árvores não comem os seus próprios frutos, as flores não espalham os seus perfumes para si mesma e o sol não brilha para ele próprio. Nós não podemos viver para nós mesmos, seria um egoísmo total e nos afogariamos nesse mesmo egoísmo!

Viva para os outros e estará a viver para si, porque será feliz fazendo a felicidade dos outros!

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A desilusão não é um estado fácil

Sentada no sofá, olha distraída os troncos que na lareira crepitam entre um brasido incandescente, dos seus olhos pendem umas lágrimas que a custo segurou mas que agora deslizam lentamente pela sua fase. Sente-se desiludida. Lá fora no frio da noite um gato mia, faz uns ruídos estranhos, próprios desta altura do ano , às vezes parecem crianças a chorar. Estes sons vindos da rua entristecem ainda mais o seu coração já partido. Esperara tantos anos por ele, e ele chegara, o seu carinho enchera a sua vida, vivera momentos tão bonitos  que agora teimam em se tornar apenas recordações.

Levanta-se e coloca outro tronco na lareira que parece querer apagar-se, desiludida com quem a mantém acesa. Aquela chama que se apaga é como  a alegria que resplandecia no seu rosto e se apagou. O tronco incendia e ela fica ali a olhar para aquela chama que cresce, que cresce e ilumina, e pensa que bom que era que a serenidade do seu coração voltasse e a paz do seu espirito também. Está desiludida sim e muito triste também, mas pior que estar neste estado de espirito é alimentar algo que não tem asas para voar, nem pernas para andar, é alimentar algo que fica estagnado como as águas lamacentas de num pãntano.

Assim, sabe que hoje não é dia para ponderar seja o que for, o seu estado não permite, amanhã certamente que estará um pouco mais serena e calma, ou não...... A desilusão não é um estado fácil!

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