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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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A melhor prenda de Natal

Maria, 17.12.16

Havia muitos anos que vivia sozinha, habituara-se a viver assim e achava que nada faltava na sua vida, o homem que a levara ao altar partira cedo demais, mas deixara-lhe o bem mais precioso da sua vida, as filhas, agora mulheres que já adquiriram a sua independência. Havia, porém, alguns momentos nostálgicos em que sentia mesmo a falta de alguém, do abraço forte de um homem e de um  mimo. Nesses momentos levantava a cabeça e dizia em voz alta para as paredes de sua casa "esta casa não precisa de mais ninguém e eu também não preciso", afastava esses pensamentos como quem afasta uma coisa ruim que está ali a mais, que está ali a atravessar-se no seu caminho e nas suas escolhas. Os dias eram todos iguais, deitava-se à noite a dar graças a Deus por mais um dia, levantava-se de manhã a pedir a Deus saúde e força para aquele dia. Logo pela manhâ gostava de abrir as portadas e estender o olhar até para lá daquelas terras e alcançar o mar, gostava de ver os pássaros que redopiavam em redor da sua janela, gostava de ver e sentir como estava o tempo, depois, estendia um pano sobre a mesa e sobre este colocava o seu pequeno almoço de sumo de frutas e torradas que, calmamente tomava observando a rua pela janela. Ligava o telemóvel e ficava a par das primeiras notícias no facebook e no email, agora com estas modernices que ia aprendendo com facilidade, parecia que o mundo estava todo ali à mão à distãncia de um pequeno aparelho que vai para todo o lado. Os anos passavam rápidos e monótonos, muito depressa chegava o NATAL e com ele a preocupação das prendas, o que dar? hoje já não se consegue surpreender ninguém com as prendas, há de tudo em todo o lado, até as podemos comprar sem sair de casa, as transportadoras e o correio trás tudo á porta de casa.

Os anos passavam rápidos sim, e a juventude já se fora... um dia andava entretida às compras quando uma mão suavemente pousou no seu ombro, a fez levantar a cabeça e encarar os olhos que a fitavam, os mesmos olhos que já a fitara outras vezes ocultos à sua vista. Desta vez os seus olhares se cruzaram um pouco mais e ambos perceberam que precisavam de palavras, que a casa ficaria mais cheia com presença de mais alguém e que o ABRAÇO forte chegara. Era a melhor prenda de natal!

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O teu abraço

Maria, 22.05.16

Dia mundial do abraço

 

Quero expulsar de dentro de mim

a angústia e a saudade,

que me atormentam,

que me impedem de viver,

Preciso do teu abraço,

quase já me esqueci como é,

sentir o carinho que ele me envolve,

perco-me à procura do teu abraço,

ele está embrulhado no tempo,

impedido de voltar.

O teu abraço tão forte

que me protege de tudo e todos

que me transmite tanta segurança

que não me deixa tropeçar

nas inquietudes dos dias,

quero voltar a sentir o teu abraço!

(Flor)

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Uma Casa Cheia de Livros

Maria, 23.04.16

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 Um pequeno resumo de um capitulo do livro "Abraço" de José Luis Peixoto. uma-casa-cheia-de-livros

"Os livros, esses animais sem pernas, mas com olhar, observam-nos mansos desde as prateleiras. Nós esquecemo-nos deles, habituamo-nos ao seu silêncio, mas eles não se esquecem de nós, não fazem uma pausa mínima na sua vigia, sentinelas até daquilo que não se vê. Desde as estantes ou pousados sem ordem sobre a mesa, os livros conseguem distinguir o que somos sem qualquer expressão porque eles sabem, eles existem sobretudo nesse nível transparente, nessa dimensão sussurrada. Os livros sabem mais do que nós mas, sem defesa, estão à nossa mercê. Podemos atirá-los à parede, podemos atirá-los ao ar, folhas a restolhar, ar, ar, e vê-los cair, duros e sérios, no chão.

 

(...) Os livros, esses animais opacos por fora, essas donzelas. Os livros caem do céu, fazem grandes linhas rectas e, ao atingir o chão, explodem em silêncio. Tudo neles é absoluto, até as contradições em que tropeçam. E estão lá, aqui, a olhar-nos de todos os lados, a hipnotizar-nos por telepatia. Devemos-lhes tanto, até a loucura, até os pesadelos, até a esperança em todas as suas formas.

 

José Luís Peixoto, in 'Abraço' 

 

 

Os Desafios da Abelha

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