Pequeno povoado em ruínas
Num dos meus passeios neste verão passei por uma estrada onde deparei com este pequeno povoado em ruínas, situado num vale, rodeado de árvores idosas. Olhei demoradamente para ele e pensei - as pessoas já se foram todas mas as árvores continuam cá assim como os esqueletos das suas casas. Então imaginei as vidas que ali nasceram e cresceram, imaginei este povoado embora pequeno, cheio de crianças a brincar na rua, misturadas com os animais na terra batida pelo calcar continuado dos pés das pessoas e dos animais. Imaginei as chaminés sempre a fumegar já que o lume se acendia de manhã para preparar o pequeno almoço e mantinha o brasido aceso até à preparação do jantar, também ia aquecendo a casa nos dias frios de inverno. Imaginei as mulheres em grande azáfama, trajadas de forma antiga com saias compridas, avental e lenço na cabeça, imaginei-as a vir da fonte com cântaro à cabeça, e os homens de calças muito cossadas com remendos, coletes, barrete preto na cabeça e uma alfaia agrícola ao ombro.
Não pude deixar de registar este momento, momento em que deixei a minha imaginação divagar até idades mais remotas, até ao tempo em que a evolução tecnológica ainda não tinha estragado a pureza das pessoas e a natureza, recuei até à época em que o petróleo ainda não fazia poluição.
Ao contemplar este povoado, por escassos momentos esqueci-me que em que época vivia, e que ali, naquelas ruínas existiu muita vida, muita azáfama, e agora estão ali os esqueletos esquecidos dessas vidas.....