Dia de todos os santos
Era cedo ainda, mal amanhecera e já Alice (nome fictício) se levantara da cama, tinha um propósito para aquele dia. Iria comprar flores e rumaria ao cemitério, ali morava há muitos anos aquele que tanto amara. Alice nunca se esquecia dele, tinham vivido momentos inesquecíveis, tinham tido uma vida a dois, tinham sido felizes e apaixonados, nunca conseguira se conformar com aquela perda.
Hoje, Dia de Todos os Santos, subiria a calçada que a levaria àquele portão de ferro, o mesmo portão que um dia, ainda muito jovem transpôs para acompanhar uma última vez o seu amor, o único amor da sua vida. Iria percorrer as ruas ladeadas de um lado e outro pelas últimas moradas de tantas e tantas pessoas que já vira partir. Sente-se nostálgica, fica sempre assim quando visita aquele lugar. Saudades e uma mistura de sentimentos a invade, mas sente tranquilidade ali.
Sobe a rua e vira à esquerda, percorre mais uma rua, o seu destino encontra-se um pouco mais à frente, lá está o lugar que procura, uma pedra branca, um coração à cabeceira, uma flor ao lado numa pequena jarra e uma frase, uma frase muito linda que Alice tecera naquela ocasião, uma frase que dizia tudo o que lhe ia no coração.
Alice lê mais uma vez aquela frase que sabe de cor, olha a fotografia já esbatida pelo tempo e recorda, recorda tantas coisas, imagina a sua vida se nada daquilo tivesse acontecido, fecha os olhos e por breves momentos pensa que ainda é tudo um sonho, mas um sonho não dura tanto tempo, por isso abre os olhos e acorda para a sua realidade, e a sua realidade é uma vida que continua sempre sem ele.... mas continua com os seu lindos frutos!