Biblioteca itinerante
Hoje é dia de vir a biblioteca itenerante (ambulante) à aldeia, apresso-me a ir recolher os livros que li nestes quinze dias desde a última vez que a carrinha veio. Tenho cerca doze ou treze ou anos, a minha sede de ler é imensa, os meus pais não nos compram livros e pouco acesso temos a eles, às vezes lá aparece um ou outro em casa mas não são para a minha idade e não são leituras que aprecie. O meu irmão mais velho consegue alguns livros não sei onde. A carrinha chegou, é um momento alto do dia, da semana, juntam-se muitas pessoas para escolher os seus livros, não podem entrar todos ao mesmo tempo na carrinha, temos que aguardar vez. É a minha vez de entrar, que bom é escolher o que quero ler, escolho dois livros de aventuras, leio quase tudo o que Enid Blyton escreve, sou fã incondicional desta escritora.
Há saída comentamos uns com os outros as nossas escolhas e os livros que lemos na quinzena anterior, é um momento de convívio de felicidade.
A Fundação Calouste Gulbenkian teve para mim um papel muito importante no que toca a satisfazer a minha ânsia de leitura ao ter criado as bibliotecas itinerantes que de outra forma não teria acesso a livros tão bons que todas as gerações lêem!
A Fundação Calouste Gulbenkian estabeleceu parcerias com as autarquias, através das quais estas últimas cediam instalações para depósito dos livros e pontualmente contribuíam no pagamento de despesas, ao passo que a Fundação arcava com o grande ónus das expensas (fornecer o acervo de obras, o biblio-carro, pagar os honorário do pessoal, o combustível, despesas de manutenção e conservação, etc). A Gulbenkian substituia-se assim ao Estado ao criar uma rede de bibliotecas, até porque o Estado não estava muito interessado na formação de cidadãos plenamente esclarecidos e informados.