A desilusão não é um estado fácil
Sentada no sofá, olha distraída os troncos que na lareira crepitam entre um brasido incandescente, dos seus olhos pendem umas lágrimas que a custo segurou mas que agora deslizam lentamente pela sua fase. Sente-se desiludida. Lá fora no frio da noite um gato mia, faz uns ruídos estranhos, próprios desta altura do ano , às vezes parecem crianças a chorar. Estes sons vindos da rua entristecem ainda mais o seu coração já partido. Esperara tantos anos por ele, e ele chegara, o seu carinho enchera a sua vida, vivera momentos tão bonitos que agora teimam em se tornar apenas recordações.
Levanta-se e coloca outro tronco na lareira que parece querer apagar-se, desiludida com quem a mantém acesa. Aquela chama que se apaga é como a alegria que resplandecia no seu rosto e se apagou. O tronco incendia e ela fica ali a olhar para aquela chama que cresce, que cresce e ilumina, e pensa que bom que era que a serenidade do seu coração voltasse e a paz do seu espirito também. Está desiludida sim e muito triste também, mas pior que estar neste estado de espirito é alimentar algo que não tem asas para voar, nem pernas para andar, é alimentar algo que fica estagnado como as águas lamacentas de num pãntano.
Assim, sabe que hoje não é dia para ponderar seja o que for, o seu estado não permite, amanhã certamente que estará um pouco mais serena e calma, ou não...... A desilusão não é um estado fácil!