Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Abrigo das letras

Abrigo das letras

Pulsar de vida

Nesta primavera com temperaturas de verão, e quando o inverno não nos visitou, não é de admirar que os lagos, charcas e barragens estejam muito aquém da sua capacidade, dói, olhar e ver toda aquela superfície descoberta que devia estar coberta de água, dói quando se caminha pela serra e não se encontra um fio de água corrente, dói sentir o clamor da terra, dói sentir o apelo estridente dos ribeiros, dói sentir a falta da frescura natural da serra.

Ainda assim no meio de tanta dor, ainda que o pó se espalhe no ar, ainda que as pedras do caminho se soltem da terra, ainda que os galhos nos piquem as pernas, ainda que os sapatos escorreguem nos grãos de terra seca, ainda que o sol nos queime a pele... ainda assim, nós, os caminhantes, os ciclistas e aqueles que vão nas motas, ainda assim a serra pulsa de vida.

E neste pulsar de vida existem pequenos milagres se assim o quisermos chamar, ou "horas de sorte" como outros lhe chamarão. O caminho é uma descida incrível cheia de socalcos e pedras e no meio do nada, algo toca, um som de telefone vindo do chão desperta a atenção dos caminhantes.... que é isto??? todos os olhares se viram para o sitio de onde vinha o som e ali caído no meio das ervas estava ele. Alguém pega e atende a chamada, do outro lado alguém atende... era o proprietário do mesmo que na sua busca   ia ligando para ver se o ouvia tocar. Chamaremos a isto "Hora de sorte" "pequeno milagre"!!!! ou apenas uma boa coincidência o facto de este pequeno grupo de caminhantes estar a passar ali precisamente na hora que o telefone tocou, porque se não tocasse ninguém daria pelo aparelho uma vez que ele estava meio escondido nas ervas. Há coisas que nos fazem pensar que nada acontece por um simples acaso!

20220612_114601.jpg

 

Divagando

Hoje eu quero escrever uma crónica ou uma espécie de crónica, vamos lá, um texto sobre qualquer coisa, ocorre-me esta ideia porque neste preciso momento apetece-me simplesmente escrever, mesmo ainda sem ter um tema, mas escrever por vezes é uma forma de fugir ou um aproximar de algo que dá gozo/ interesse, fazer. Há momentos em que nada apetece fazer, momentos mortos em que é preciso levantar a cabeça e dar cor à vida. Escrever ajuda a preencher essa lacuna, ocupa a mente e os dedos, pode-se escrever sobre tantas coisas, sobre qualquer coisa, basta deixar fluir a imaginação e colocar os dedos ao seu serviço. Parece tão simples..... mas não é.

Não somos simples coisas mortas que se aplanam sobre um chão seco e assim ficam a definhar até desaparecer. Não, não somos coisas mortas, temos uma vida, e temos uma missão, se temos saúde, temos a melhor dádiva do mundo, todos os dias são dias para agradecer esse tesouro que nos foi oferecido, não há maior que esse, a saúde é a base para tudo o resto, e o resto é tudo, é uma vida inteira que nos é proporcionada para sermos felizes e fazermos os outros felizes. É a única oportunidade que cada ser tem para contribuir de uma forma digna para a evolução da vida humana e de um planeta sustentável. De que vale teres uma vida aparentemente linda se não a colocas ao serviço dos outros se não aprecias o que de mais sagrado existe na frente dos teus olhos, a natureza. É preciso parar, escutar e sentir o grande poder da natureza, os seus sons, cheiros e apelos. Quando te consegues fundir nela, na natureza, e sentires que são apenas um nem que seja por breves momentos, descobres uma sensação tão maravilhosa que nem sabes descrever e percebes que a Vida é um Dom muito mais precioso a que nem sempre sabemos dar o devido valor. A isso eu chamo vida em uníssono. Custa-nos compreender como pode a maldade e crueldade dos homens que nasceram em tudo igual aos outros homens num mundo que deveria ser igual para todos, desperdiçar e maltratar tão deliberadamente com  atitudes e ações os seus irmãos e os seus ambientes!!

20220612_115040.jpg

 

 

Dia da Criança

Quando a rua era o maior parque natural infantil, com baloiços improvisados nos pinheiros perto de casa, jogos desenhados no chão de terra, como por exemplo um caracol que, saltando ao pé cochinho se fazia deslizar um caco  em todas as suas voltas; pequenas covas escavadas na terra para jogar ao berlinde, estes eram preciosidades coloridas que deslizavam entre os dedos, empurrados para bater nos outros, os joelhos esfolados não eram problema para ninguém, e o pião impulsionado por um fino cordão redopiava em círculos avassaladores num frenesim desenfreado; a cabra-cega ou o lencinho que vai na mão, as escondidas, o jogo do mata ou a rabia, tantas eram as brincadeiras que um dia não chegava para satisfazer a imensa vontade de brincar, no campo a rua era o nosso lar. As crianças eram tão felizes com tão pouco, bastando-se umas às outras para extravasar uma felicidade que ultrapassava toda uma tecnologia ainda nem sonhada num futuro que surgiu depressa demais.

O dia da criança eram todos os dias, que me lembre não havia um dia especial para elas. Faço uma pergunta a mim mesma, será que com tanta tecnologia, tantos jogos nas caixas, tanto parque infantil, tanta comida processada, tanta roupa de marca, tanto transporte, tanta festa de anos, etc... etc... as crianças são mais felizes que outrora quando nada disto existia? quando se recorria à imaginação para construir os próprios brinquedos, quando com qualquer coisa se fazia um carrinho ou uma boneca?

Mas a vida é uma evolução constante, faz parte, sempre foi assim, e eu lembro a minha época e a comparo com a actual época, por isso tenho as minhas dúvidas, pressinto que o tipo de felicidade, liberdade e criatividade, mesmo com muito menos meios era superior e mais genuína que hoje principalmente para quem vivia nos meios rurais.

As crianças merecem tudo de bom e isso implica também responsabilidades, negas quando necessário, elogios quando merecidos, acompanhamento e também espaço para autonomia e liberdade.

 Feliz dia da criança para as crianças de todo o mundo especialmente para aquelas que estão a sofrer nos países onde a guerra é uma constante ou nas famílias mal formadas, conflituosas e agressivas!!

dia-criança.jpg

Desafio de Escrita do Triptofano#10#Bolas de sabão

Pelas verdes montanhas eu vou, eu vou,

no meu passo ágil, feliz caminho,

pisando o orvalho fresco e viçoso,

eu vou de mansinho.

A meu lado o sol já espreita,

radioso na sua luz colorida,

a noite já se deita

cansada e  esbatida, 

Anda sol, não te acanhes

vem aquecer a minha mão,

vem secar o orvalho

vem fazer brilhar

as minha bolas de sabão.

Os meus amigos me esperam

sabem que vou de longe,

sabem que não me demoro,

que saí de madrugada

sabem que as bolas de sabão

me acompanham nesta jornada.

Todos os anos é assim,

 no dia da festa dos primos

me levanto antes do sol

palmilho léguas com destino.

Canto, rio e assobio 

acompanho a sinfonia das aves,

 aspiro o perfume das flores,

sinto a liberdade nos ares!

bolas dec sabaõ.jpg

 

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

Participam também:

Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa

Desafio de Escrita do Triptofano#9#vela

À luz bruxuleante de uma vela

percorro um caminho incerto,

procuro um lugar, uma razão,

procuro algo na escuridão, 

procuro uma mão estendida

que me guie nesta noite enegrecida.

O mundo está em aflição,

procurando uma luz,

uma pequena luz que seja,

algo que ansiosamente se deseja,

um milagre talvez,

uma paz que se anseia

como a luz de uma candeia!

transferir.jpg

Texto escrito no âmbito de o Desafio de Escrita do Triptofano

Participam também:

Ana de Deus , Ana do Green IdeasBruno no Fumo do Cigarro
Marta de O Meu CantoTriptofanoMaria Araújo do cantinho da casa