Iniciamos a nossa caminhada expressando os nossos sentimentos em comunhão com o povo ucraniano e o povo russo. Aos homens e mulheres que são enviados para a frente de guerra sem opção de recusa enquanto os líderes da Rússia assistem de poltrona ao invés do presidente da Ucrânia que se torna um soldado igual aos seus soldados e se recusa a estar apenas assistir dizendo "não preciso de um táxi, necessito é de munições". Comentamos actos heróicos dos ucranianos que em defesa da sua pátria oferecem a sua vida e é com o coração apertado que falamos sobre as imagens que nos chegam casa adentro sobre um povo que tem que abandonar tudo e fugir carregando as suas crianças ao colo e os seus animais, deixando para trás o marido, o irmão, o pai, o amigo. Interrogámos-nos, para onde irão as pessoas?? terão lugar para onde ir?? Como pudemos ajudar??? e as respostas ficam-nos a flutuar.
As conversas são como as cerejas e damos por nós já a falar da "pandemia", onde está ela? já ninguém fala da pandemia... se ninguém fala quer dizer que acabou.... não, não acabou, simplesmente passou para um plano menos relevante, felizmente a sua força está a esmorecer, porém não podemos deixar cair a máscara, e a guerra na Ucrânia não pode ser uma desculpa para afrouxarmos. Como pouco mais à a acrescentar sobre a pandemia e toda a gente já está a fazer a sua vidinha normal passámos ao assunto da falta de chuva.
Por estas bandas parece que a seca não se faz sentir, constatamos que os campos estão todos verdes, que há pasto para os cavalos que vemos ao longe, para as ovelhas que estão ao nosso lado e para as vacas que tranquilas se alimentam um pouco mais além, embora não se ouça nem se veja a água a correr nos ribeiros. De qualquer forma mais uma pergunta deitamos para o ar, será que aqui choveu mais do que em outras zonas??
Porque há mais vida para além destas realidades, passamos a aproveitar aquilo que de facto estávamos ali para fazer e, durante as horas seguintes afastamos das nossas mentes essas duas presenças, limitámos-nos a apreciar o que a natureza nos oferece como o grasnar de um corvo, o piar de uma águia ou os barulhos estranhos que por vezes se ouvem vindos do meio do mato.
Observamos a flora, constatamos que a zona é muito arborizada com carvalhos e sobreiros, embora o eucalipto e o pinheiro manso também marquem a sua presença. Por vezes aparece-nos algumas subidas "manhosas" que pôem à prova o nosso desempenho nesta aventura das caminhadas, mas "metemos uma mudança mais baixa" e devagar devagarinho chegamos ao planalto. Ignoramos o marco geodésico que se encontrava bem lá no cimo do monte, o corpo já acusa algum cansaço e portanto... esquece.... fica para a próxima. Mais adiante depara-se na nossa frente um banquete, o porco está no churrasco assim como os frangos e os chouriços, cheira bem, faz lembrar ao nosso estómago que está na hora do almoço, mas o nosso ainda tem que esperar. Perguntamos em jeito brincalhão "há lugar para mais um?" o pessoal riu-se e nós seguimos o nosso caminho.
Ao chegamos a casa a televisão de imediato nos põe a par da dura e triste realidade do momento, os ataques agravam-se na Ucrãnia, cresce dentro de nós contra o presidente da Rússia uma revolta tão grande que dá vontade de o "esganar". Aquilo que está a acontecer agora, neste tempo que é o nosso, não cabe e não se encaixa na nossa vida. Habituados que estamos a viver em paz e habituados a ver estas coisas nos filmes e lê-las nos livros como sendo acontecimentos de eras passadas, a sensação que se tem é de que estamos a recuar no tempo e que estamos a entrar dentro dos filmes e livros e a ser as suas personagens!
É um dia de Inverno, mas o céu está azul e o sol brilha em todo o seu explendor, a temperatura está amena, um dia delicioso para enveredar por aqueles caminhos no meio da serra.
Todos os caminhos estão ladeados pela cor da alegria, o amarelo lindo e suave das mimosas que desabrocham, embelezam e perfumam os trilhos da serra. A Primavera antecipada.
Por cima de nós três águias esvoaçam e cantam livremente alheias aos problemas sérios que este estado de tempo atípico que se debruça sobre nós. Nesta altura do ano, em estado normal, a erva estaria alta e molhada, o piso estaria lamacento e escorregadio, andaríamos a chafurdar na lama, a saltar poças de água e atravessar ribeiros, nada disto acontece e nos confunde.... estamos no inverno ou no verão???
Procuramos as sombras das frondosas árvores que se erguem altas e imponentes, as suas raízes bem fundas distendem-se à procura de humidade, muitas estão despidas de folhagem.
Uma extensão de arbustos completamente floridos se estende ao nosso lado esquerdo criando uma visão extraordinária!
Tinha sido apanhada na sua própria teia por um lance diabólico daquele bispo que se fazia passar por sendo um homem de Deus. Tinham-na encurralado numa torre com as duas aias que lhe tinham sido permitido acompanhá-la. No frio e na escuridão daquela torre levava horas a imaginar uma jogada que derrubasse os cavaleiros do Rei.
Eles eram inteligentes e guiavam os seus cavalos com perícia, saltavam por cima de tudo e todos. Confinada áquela torre e tendo as duas aias sempre alerta, não tinha como sair dali, entretanto os homens de Deus assim como os cavaleiros do rei iam derrubando o povo, os seus aliados com a sua rainha confinada tinham pouca força , embora se esforçassem ao máximo para a libertar, sempre que o faziam perdiam alguém importante, o cerco era cada vez maior.
Ela era rainha, tinha poder e astúcia, tinha que sair dali de qualquer jeito, se o pensou melhor o fez, numa jogada muito arriscada, sacrificando uma aia, saiu.
Mais feroz que nunca, reuniu o povo e os poucos cavaleiros que lhe restava, em segredo delinearam uma estratégia, antevendo as possíveis manobras dos seus adversários agiram com inteligência, eram poucos mas eram bons. Iniciaram um ataque não descurando a defesa. Um após outro os adversários foram caindo e o cerco foi se apertando em redor do rei, até aqueles bispos, falsos homens de Deus caíram na armadilha arquitectada pela astuta rainha, e não havia mais escapatória para o rei. Aconteceu aquilo que estava escrito que aconteceria.
Não é meu hábito sair apenas para tomar um café, mas quando saio para as compras não passo sem ele, ao passar pela cafetaria o aroma do café chama-me, a cor e a textura do creme que se forma por cima como uma cama aveludada sorriem para mim de modo que não tenho como escapar e, "um café por favor".
levo a minha chícara de café para a mesa, sento-me, guardo o pacotinho de açúcar para outra utilidade, gosto do sabor genuíno que o café tem, por isso não o estrago adicionando açúcar, um pauzinho fino de madeira serve de colher que eu utilizo para mexer, perguntam vocês, "mexer o quê?". Então eu diluo aquele creme no café e tomo-o bastante quente, é tal e qual assim que ele me sabe pela vida.
Enquanto saboreio o liquido que me aquece o estômago e reconforta a alma, dou conta do disco verde que está em cima da mesa que leio com atenção e, enquanto elogio a iniciativa dou por mim a voltá-lo para ver do outro lado.
Se todos fizerem a sua parte, encontram neste local, sempre um espaço agradavelmente limpo. Uma forma inteligente de dar a conhecer que foi higienizado. Desde que esta pandemia nos apanhou que de uma forma geral eu não levanto nada da mesa que utilizo de forma a que se perceba que a mesa foi usada, mas com esta medida pode-se deixar a mesa limpa de louça e o disco voltado na face vermelha!
Tudo se resume a "uma questão de boas práticas" que podem fazer toda a diferença num local público!