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Abrigo das letras

Um blogue para interagir com as pessoas partilhando imagens, ideias e pensamentos!!

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Conto#O sonho de Ofélia

Maria, 28.02.21

Aquela rapariga de olhos claros, quase verdes, era meio estouvada, tinha sonhos muito altos, inatingíveis. De estatura esbelta, pele clara e cabelos castanhos claro a puxar para o louro, vestia à moda e sabia que dava nas vistas, mas na cabeça não tinha nada.

Sonhava de olhos abertos, perdida nos seus devaneios, sentava-se nos bancos daquele jardim e imaginava-se uma princesa, outras vezes uma rainha.

Tinha visto à alguns anos a série na televisão "Madre Paula" a amante de D. João V, aquilo não lhe saía da cabeça e viu-se a si mesma ser a princesa vinda de Áustria que casou com o rei, imaginou-se uma princesa que vestia aqueles vestidos com armação para tornar as ancas arredondadas, confeccionados com as melhores sedas e brocados e adornados com pérolas e lantejoulas e na cabeça usava toucados tanto na moda naquela época.

No seu sonho de olhos abertos ou devaneio passeava nos jardins do palácio ao lado do príncipe João, um homem alto e bonito de boas falas, que lhe sussurrava palavras de amor e a beijava como ninguém, apreciavam  as variadas espécies de flores de cores vivas e alegres, que compunham os canteiros, vindas dos lugares mais exóticos; passaram pelas bicas e fontes que abundavam no jardim, construídas em pedra mármore, e por uma horta com canteiros de plantas medicinais e ervas aromáticas de todas as qualidades  que os frades utilizavam para criar os seus medicamentos e temperar as comidas. No meio do jardim estava um grande lago também construído da mesma pedra das fontes, com um repuxo de água ao centro, que se elevava a alguns metros de altura, conferindo-lhe assim uma beleza especial e um ponto atractivo para quem por ali passeia. Também no lago nadavam peixes de várias espécies, nenúfares com belas cores embelezavam toda a superfície da água. Uma nora gigante oferecia ao jardim uma beleza extraordinária assim como os viveiros de pássaros de belas espécies e cores .

Quando se afastavam dos canteiros das flores, lagos e hortas, entravam no labirinto do bosque, caminhos entre-cruzados de terra batida ladeados de grandes árvores belas e frondosas serpenteavam por todo o bosque, desembocando todos em cruzamentos onde sempre estava colocada uma estátua esculpida em pedra mármore. Estas estátuas servem para dar orientação aos passeantes. Por todo o bosque estão colocados bancos de madeira e os enamorados do sonho de Ofélia   aqui e ali se sentavam e namoravam.

Olá Ofélia, por aqui! alguém reparou nela.

Meio atrapalhada, porque naquele momento Ofélia estava noutro mundo, o mundo do sonho e da fantasia, Ofélia gaguejou ao responder, como se naquele exacto momento tivesse acordado de um longo sono.

Oh, oh, olá, estás bem?

- Que fazes por aqui? passeias claro! aqui ou se passeia ou se namora!

- Sim, mas olha como não tenho namorada, e vejo que também estás sozinha, não queres por acaso dar um passeio por aqui comigo?

- sim , claro, vamos.

Ofélia levantou-se, agora já bem acordada dos seus devaneios, e foram caminhando e comentando como agradável, bonito e mágico era aquele espaço. O resto da tarde passou-a na companhia daquele antigo colega de escola!

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A quem possa interessar este lindo jardim aqui descrito!

É o Jardim do Cerco, fronteiriço ao Palácio Nacional de Mafra!

Texto no âmbito do desafio "Sonhamos ir por aí"

Neste desafio participo eu, a Oh da guarda peixe frito, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Fátima Bento, a Imsilva, a Luísa De Sousa,  o José da Xâ,  a Rute Justino, a Ana DCristina Aveiro , a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, e a bii yue e quem mais quiser.

Consulta médica por telefone

Maria, 25.02.21

De máscara a tapar a boca e o nariz entro aquela porta, lá dentro desinfecto as mãos, dirijo-me àquela maquineta das senhas e tiro a senha correspondente ao serviço que necessito. Espero sentada num dos bancos da sala de espera, banco não banco sim pode se sentar uma pessoa, ficamos assim mais ou menos todos afastados uns dos outros. Passado poucos minutos outra maquineta me diz que posso entrar e lá vou eu. Dentro da secretaria digo que tenho um exame para mostrar ao Dr. e  pergunto como é o procedimento. É dito que temos que marcar consulta pelo telefone e que deixo aqui o exame, o Dr. me telefonará no dia marcado sem hora.

Pronto, assim ficou. Chegado o dia da consulta, ando atenta ao telefone, o Dr. pode ligar em qualquer momento. Ligou a seguir ao almoço.

É a segunda vez que tenho uma consulta médica ao telefone, embora me sinta à vontade com este modo de consultar, confesso que não é de todo a mesma coisa, o não sentir a presença física do médico é um tanto estranho, a sensação que se tem é a de estar a conversar com outra pessoa que não o médico, é o de parecer estar a falar com uma amiga por exemplo, é ter a impressão de que há coisas que ficam por dizer, por esclarecer.

Ainda assim, tenho sorte de ter como médico de família uma pessoa muito atenciosa que se preocupa com os seus doentes e que, mesmo sendo consulta telefónica não me está a despachar, é atencioso, ouve com paciência as minhas questões e queixas, explica-me com clareza para que, e o modo como tomar a medicação que vai receitar, enviará a receita para o telemóvel como já é usual e, está ali quando preciso dele.

Por agora é o que temos, consultas pelo telefone que, como tudo também tem o seu lado positivo: não perdemos tempo em salas de espera, não gastamos combustível para ir até ao centro de saúde, não corremos o risco de apanha covid 19 e até podemos ter a nossa consulta sentada num banco de jardim. Um pouco menos tradicional que um consultório médico. Menos positivo: não vemos pessoas, não conversamos com os outros na sala de espera, não contribui para quebrar a solidão de quem a sente todos os dias.

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Desafio Caixa de lápis de cor#6#Caderno de memórias

Maria, 24.02.21

Caderno das memórias!

Inspirada na proposta da Fátima Bento. ..para o desafio "Caixa lápis de cor", esta semana a cor laranja é a favorita... nem de propósito, a capa do caderno onde uma menina guarda memórias é cor de laranja. Hoje vou falar de uma dessas memórias!

Numa época em que não havia tecnologia, as raparigas e rapazes adolescentes tinham o seu modo de se comunicar e arranjar novos amigos (facebook da época). Havia revistas com anúncios de jovens a pedir correspondência com outros mais ou menos da sua idade, colocavam o seu nome e morada nesses anúncios. Outra forma era com postais, uma pessoa enviava postais para cinco pessoas  com cinco nomes e pedia a essas cinco pessoas que fizessem o mesmo, criando assim uma rede de diversos contactos. Foi desta forma que a menina autora do caderno com capa cor de laranja começou a receber cartas, muitas cartas, quase todos os dias da semana, ela adorava escrever e receber cartas.

Arranjou amizades que duram até aos dias de hoje e agora comunicam  por meio das novas tecnologias através das redes sociais. No entanto, existe no caderno das memórias uma dessas amizades que se perdeu há muitos anos, era uma grande amizade e com as circunstâncias da vida perdeu-se no tempo, mas existem as cartas... que não deixam esquecer e, de tempos a tempos surge uma vontade muito grande de procurar essa pessoa, saber como foi a vida dela e como está hoje, onde vive, como vive, mesmo que tenham passados longos anos. (recordo aqui o programa "ponto de encontro " que passou na TV há largos anos, e que gostava de ver.

Agora a mulher que lê as cartas volta ser aquela menina, volta a ouvir o apito da bicicleta do carteiro, volta a ver aquele saco grande de cabedal onde ele transportava as cartas, volta sentir-se encantada e feliz a ler todas aquelas palavras que os seus amigos e amigas correspondentes escreviam, alguns com uma letra tão bonita e bem desenhada que dava gosto de ler e reler. Levava horas a responder e também ela tinha o cuidado de escrever bem e sem erros ortográficos. 

Escreviam cartas de todas as cores que havia, verde, amarelo, rosa, azul etc...Depois, tinham uma forma muito elaborada e carinhosa de dobrar.  Tudo era feito com a máxima perfeição, havia orgulho nisso e havia também o cuidado de guardar, por isso, algumas dessas cartas ainda se encontram dentro do caderno com a capa cor de laranja já desbotada pelo tempo! Porque o tempo correu.....sem esperar por quem ia ficando para trás... nem espera.... quando estiveres a ler estas palavras, sabes que o momento em que foram escritas já é passado...!

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(imagem tirada da net)

Neste desafio participo eu,Fátima Bento Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa,  a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, e a bii yue

"Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio. Acompanha-nos nos blogues de cada uma, ou através da tag "Desafio Caixa de lápis de Cor".

 

Primeira semi-final da canção

Maria, 21.02.21

Acompanho o Festival da canção ano após ano, comecei a ver 1969 quando Simone de Oliveira conquistou o primeiro lugar com "Desfolhada", foi uma canção que encheu os portugueses pela sua música e principalmente pela letra um pouco arrojada, audaciosa até, para a época. Eu era ainda uma menina, não compreendia a letra na sua integridade, mas a sonoridade da música ficou gravada e mesmo não tendo o mínimo jeito para cantar, também a cantarolava. Vivíamos sob o regime da ditadura de Salazar. Ainda hoje, passados cinquenta e dois anos ela continua bem presente na memória de todos os que acompanham os festivais e não só, também a geração mais nova às vezes a canta.

Muitos anos a ver festivais e Portugal a ficar sempre nos últimos lugares tornou-se um hábito. O facto de Portugal ficar sempre nos últimos lugares deu lugar a um espanto quando, em  2017, há precisamente quatro anos,  Salvador Sobral conquistou o primeiro lugar, achei que não estava a ver a bem a votação e, mesmo a assistir não estava a acreditar, estávamos perante um fenómeno na música portuguesa. Nunca vou esquecer essa data, por duas razões: primeiro, porque esse foi um acontecimento excepcional nunca antes acontecido em Portugal, segundo, eu estava com alguém muito especial num local também especial. Foi uma data memorável.

Ontem aconteceu a primeira semifinal das canções para apuramento da canção que nos irá representar no Festival da Eurovisão. Acompanhei o desfile das músicas, há duas que são a minha preferência "Dia Lindo" e "Na mais profunda Saudade". No geral achei as canções bastante melodiosas e monótonas, em minha opinião penso que um pouco mais de "energia" não sei bem se esta será a palavra apropriada, tornaria as canções mais festivaleiras. 

Vamos aguardar pelas outras dez que aí vêem!

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Tenho que telefonar a alguém

Maria, 19.02.21

A seguir às notícias do jornal da noite, mudava de canal para a net flix, procurava um filme, de preferência histórico e longa duração para estar absorvida até à hora de dormir. Um som vindo do telefone avisa que alguém está a tentar entrar em linha, coloca o filme em modo de pausa e olha o mostrador, vê o nome, a primeira impressão que tem é - não me apetece falar com ele, estou a meio de um filme, mas logo a seguir muda de pensamento - é melhor atender - pode estar a precisar de falar com alguém, sabe que ele está sozinho.... atende.

Antes da situação pandemica que atravessamos, ele saía todos os fim de semana para se divertir os com amigos e amigas, o seu trabalho é duro e necessita daquele escape para bem da sua saúde mental. Agora, isso não é possível e fica por casa, não tem onde ir, vive sozinho dentro daquela casa enorme, composta por grandes divisões vazias e frias, vazias de tudo, os poucos móveis que a compõem parecem canoas num oceano, as janelas são despidas e o chão já viu tapetes e carpetes... pode não estar a ser fácil suportar a falta de convívio, a solidão que se estende!

Viver só tem o seu lado bom e o seu lado menos bom também. O nosso estado de espírito muito contribui para sentir as diferenças, as vantagens e desvantagens. Viver só nem sempre é uma opção, quase nunca é uma opção, as várias circunstãncias da vida empurram uns e outros das mais diversas formas para um viver só dentro de uma casa. Há pessoas que lidam muito bem com isso mas outras não

Atende:

- do outro lado: olá, está tudo bem contigo?

- sim, está tudo bem comigo e com a família graças a Deus, e tu, estás bem?

Assim começou a conversa: sabes, estava mesmo a precisar de falar com alguém e escolhi-te porque sei que me sabes ouvir, me sabes escutar, estava a ficar deprimido aqui em casa sozinho....e gosto de conversar contigo.... . Ali ficamos a conversar e a rir de tudo e nada durante um pedaço de tempo... criamos um momento de descontracção que acabou por ser bom para os dois. O filme continuava em espera.

O filme pode esperar, amanhã ele continua lá, enquanto que, para esta pessoa o facto de ter tido alguém para conversar tenha sido a coisa que mais luz tenha dado ao seu dia!

A pandemia, o confinamento, a solidão são uma factura muito alta que todos estamos a pagar!

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Os Desafios da Abelha

Eu Sou Membro

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