A manhã estava fria, a geada cobria as ervas e sentia-se a humidade da madrugada ainda a pairar no ar. Olhei para a rua através das vidraças e vislumbrei um saco vermelho pendurado no portão, intrigada, perguntei-me o que seria aquilo.
Vesti um roupão quentinho e abeirei-me do portão a fim de ver o que continha o saco, lá dentro estava uma cesta em forma de rena (mais tarde o meu menino disse que era o Rudolfo), dentro desta estava um embrulho também feito de papel vermelho brilhante e uma carta, mas a carta não tinha nome, apenas um coração desenhado a caneta. Continuei intrigada sem saber se abria ou não a carta, decidi-me por abrir, afinal esta aldeia é um sitío pacato onde todos se conhecem e se falam, mesmo os estrangeiros que a adotaram como sua e a escolheram para viver.
A coriosidade é sempre um sentimento forte e determinado e por isso não resisti, tinha que abrir aquela carta, tinha que saber quem me estava a enviar aquele presente, percebei de imediato que era um presente de natal de alguém que me queria bem.
Soube de quem era quando cheguei ao fim da carta, não pelos nomes que a assinaram, estes eram estrangeiros e embora já tivesse falado várias vezes com as pessoas, não sabia os seus nomes mas, o lindo conteúdo da carta revelou a sua origem. Não estava de nada à espera de uma surpresa tão gentil e agradável daquelas, fiquei imensamente feliz e deveras agradecida com aquele gesto tão simples e tão bonito.
O conteúdo do embrulho eram doces variados e frutos secos oferecidos com o coração. Obrigada do coração meus simpáticos vizinhos!
Passados uns dias encontrei-os e perguntei se aquela oferta tinha vindo da parte deles ao que eles responderam afirmativamente, então agradeci-lhes pessoalmente e no dia seguinte lhes ofereci algo do meu quintal.
Não tenho uma estrela de Natal, todos os anos quando monto a árvore de Natal, penso nisto "não tenho uma estrela de natal", não tenho e não me lembro de comprar. O programa que tinha para esta tarde de domingo falhou e, como já tinha planeado montar a árvore de natal e tinha tempo, pensei, vou fazer uma estrela de natal.
Uma pequena pesquisa na net e encontrei um molde que serviu na perfeição para e execuxão da obra, materiais em casa havia, um saco feito de papel de lustro dourado que tinha chegado a casa com alguma coisa que não me lembro o quê, e que guardei porque era mal empregado deitar fora (eu guardo tudo o que acho que algum dia pode servir para alguma coisa) hoje foi o caso, nem sabia que o saco estava ali guardado quando fui à procura dos materiais para fazer as estrelas de natal, assim que o vi, soube logo que era aquilo mesmo que precisava. Ora bem, tendo o papel de lustro dourado, fácil era arranjar cartão, pois guardo sempre as caixas de cartão que me parecem boas, de resto, a tesoura e a cola também havia, pronto, agora era mãos à obra. Há quanto tempo que não me debruçava a fazer trabalhos manuais como se tivesse na escola, adorei estar ali a recortar, a medir e a colar e, no fim gostar do trabalho feito. Fiz três estrelas, uma coloquei no topo da árvore, outra por cima da cabana do presépio e a última colei na porta da sala. Para quem não tinha uma estrela, agora tem três e, melhor ainda, não foi preciso comprar, assim tem outro valor, o valor de quem constrói!
Um atrás do outro e já cá estamos outra vez, Dezembro, Natal!
E Dezembro é mês de:
Dias pequenos: não dão para nada, anoitece às cinco da tarde, se nos descuidamos um bocadinho, quando damos por isso, já é noite.
Euforia: corrida às lojas, preocupação em fazer as melhores compras ao melhor preço.
Magia: uma certa magia acontece no ar, existe uma onda que inebria a nossa forma de estar e deseja-se "feliz natal" a toda a gente.
Compras: um mês louco de compras, gasta-se o que se tem e por vezes até o que não se tem. Compra-se até o que não se precisa. A sede de consumo não tem limites
Presentes: Tarefa difícil é escolher o presente perfeito, as pessoas hoje em dia têm tudo.
Stress: Sem dúvida que se entra em algum stress com toda esta envolvência de querer comprar e ter pouco tempo para tal, de ter que esperar em filas, de ver produtos esgotados etc...
Festas: Finalmente chega a noite de Natal, todos os presentes estão comprados, todos os ingredientes para o jantar da grande noite estão também comprados, não faltam as couves e o bacalhau, as panelas estão no fogão, os doces já estão feitos, a familia está reunida.
Almoços ou jantares de Natal: este é o mês em que as empresas reunem os funcionários para os almoços e jantares de natal e também os grupos de amigos organizam os ditos jantares ou almoços.
Gastos supérfulos: Pois é, gastos supérfulos é o que não falta. Compra-se, compra-se, compra-se....
Confusão no trãnsito: nesta época intensifica-se sempre, as pessoas precisam de sair mais, e é nesta altura que se aproveita para visitar as familias que estão longe.
e,
a razão principal de tudo isto e por vezes a mais esquecida, a celebração do nascimento de Jesus Cristo!
Vamos portanto não esquecer de celebrar este Natal no verdadeiro sentido, na sua verdadeira essência. Não basta fazer a festa é acima de tudo preciso VIVER a FESTA e vivê-la significa olhar para o outro que está ao nosso lado, saber se ele está bem, saber se precisa de alguma ajuda, de alguma palavra de conforto de algum carinho porque Jesus Cristo está em cada um de nós!