Sem abrigo
Através das vidraças vai olhando as grossas bagas de granizo que se espalham no chão, vê o dia tornar-se noite, sente um frio gélido na pele, o vento rodupia....
É sabado, aninha-se no sofá da sala, pega um livro, mas o pensamento está naqueles que não tem um sofá para se anhinhar, nem tão pouco uma casa onde se abrigar. Está naqueles que vivem na rua embrulhados na sua tristeza, à espera de uma sopa quente que lhes aqueça o estómago e a alma. Está naqueles que fazem da rua a sua casa, de papelão a sua cama e se embrulham num qualquer cobertor que lhes foi dado, qualquer canto onde a chuva não chegue serve para fazer a sua casa naquela noite. Vivem no meio da sociedade mas à margem dela, são intitulados "sem abrigo".